sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Impeachment de Dilma: processo já está em curso, diz presidente do PPS

Por: Valéria de Oliveira - Portal PPS

"O processo já se iniciou. Não sabemos se vai chegar ao afastamento, mas já começou e isso se espalha como rastilho de pólvora", disse o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), referindo-se ao impeachment da presidente Dilma, durante encontro de presidentes estaduais da legenda, realizado em Brasília nesta quinta-feira (06).

Freire apontou como aceleradores do processo a prisão do ex-ministro de Lula José Dirceu, na operação Lava Jato, e a declaração do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) de que o país precisa de alguém que o reunifique. Segundo Roberto Freire, a fala é "de quem está começando a assumir a presidência".


Para Freire, a declaração de Temer demonstra que a presidente da República já não exerce nenhum papel, nem como chefe de Estado, nem como chefe de governo. "Esse processo vai se aprofundar", disse, lembrando que a sociedade vai se pronunciar sobre esse momento no panelaço previsto para acontecer durante programa de TV do PT, hoje, e na manifestação do próximo dia 16.

"Esse pronunciamento de Temer foi preparado numa reunião de senadores do PMDB e do PSDB, incluindo Renan Calheiros (PMDB-AL), Aécio (PSDB-MG) e Serra (PSDB-SP), dentre outros, quando se discutiu a situação pós-Dilma naquela que é a questão básica do momento: o PMDB saber se haverá apoio das forças pró-impeachment para assumir", acrescentou Freire. Ele comentou que Temer parecia nervoso ao fazer a declaração.

Isolamento
No entender de Freire, a omissão do PT com relação à prisão de Dirceu é um sinal de isolamento do partido e do governo, aturdidos com o fato. "Já está se discutindo na sociedade quem será o próximo", disse, referindo-se a petistas de alto coturno envolvidos na corrupção na Petrobras.

Para Roberto Freire, o país vive "um desmoronamento da força que sustenta Dilma, neste momento em que o governo não consegue mais aprovar um requerimento para adiar uma votação de matéria que lhe preocupa". Segundo Roberto Freire, o governo prioriza um ajuste, mas não consegue mais adiar uma votação na Câmara por entender que ela pode comprometer essa medida.

Numa mesma noite, acrescentou Freire, dois partidos - PDT e PTB - anunciaram ruptura com a base governista. "O Congresso já se prepara para votar as contas de Dilma com as pedaladas fiscais, e as forças que apoiam o impeachment precisam estar prontas para apoiar o governo que virá em consequência desse impedimento da presidente".

Freire exorta os políticos a "acabar com algumas veleidades de achar que se vier o impeachment não temos responsabilidade". Ele contou episódios da estruturação do governo Itamar Franco, após o impeachment de Collor, quando se fez uma administração de união nacional. "O PT se recusou, mas Lula ia às reuniões e indicava ministros",lembrou.

Trauma
Freire salientou que haverá traumas, principalmente na economia, com o impedimento da presidente Dilma. "Mas atualmente, com esse quadro que vivemos, os agentes políticos e econômicos não veem perspectivas de solução da crise. Precisamos apresentar um caminho para a saída", ponderou.

O presidente do PPS lembrou ainda que o partido rompeu com o governo Lula em 2004 por discordar da política econômica e advertiu o país que ele poderia levar "a uma desgraça".

Situação terminal
Já o vice-líder da oposição na Câmara, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou que a declaração de Temer sobre a crise mostra que o governo Dilma está em situação terminal. "Precisamos preparar as condições porque teremos uma transição. E esse alternativa passa pelo vice-presidente Michel Temer. Temos que estar preparados para dar sustentação a um governo de coalização. Essa saída é inevitável e está por vir", alertou o parlamentar.

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