• Agenda da presidente foi alterada na última hora para reunião com o vice e ministros
Por Fernanda Krakovics, Catarina Alencastro e Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA - Depois de sofrer mais uma derrota na Câmara, o governo vai tentar barrar a chamada pauta-bomba no Senado. A avaliação é que os senadores, por terem mandatos mais longos, de oito anos, e por serem mais experientes, são menos suscetíveis à pressão das ruas. O assunto foi discutido em reunião de emergência nesta quinta-feira com o vice-presidente Michel Temer, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Eliseu Padilha (Aviação Civil) para discutir a crise política. O diagnóstico foi que a Câmara está “ingovernável” e que os deputados não estão preocupados com o país. Em paralelo, o Planalto pretende abrir negociação com os servidores públicos para conceder aumentos salariais considerados plausíveis.
Temer aproveitou a reunião para esclarecer o apelo por união, feito por ele, de forma dramática, no dia anterior. Em meio a articulações na própria base aliada para que Dilma não conclua o mandato, setores do governo consideraram que o vice estaria se credenciando para o cargo. O peemedebista disse à presidente que sua intenção não foi essa, mas sim chamar a Câmara à responsabilidade.
Na quarta-feira, antes de reconhecer que a crise é grave e pedir para que todos trabalhassem juntos pelo país, Temer havia conversado com Dilma e avisado que faria a declaração. Na ocasião, ele fez um relato da reunião tensa que havia tido com líderes da base na Câmara.
Mesmo depois do apelo feito por Temer, a Câmara aprovou, nesta quarta-feira, por ampla maioria, em primeiro turno, o substitutivo à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 443, que prevê aumento do teto salarial para as carreiras da Advocacia-Geral da União, para procuradores estaduais e municipais e para delegados das polícias Federal e Civil. O impacto anual é de R$ 2,4 bilhões nas contas públicas.
O Planalto tem investido na reaproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas, para não ficarem à mercê dos humores e interesses do peemedebista, líderes da base aliada no Senado dizem que tentarão influir mais na pauta da Casa por meio do colégio de líderes.
Nesta quinta-feira, o líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), subiu à tribuna do Senado para conclamar os senadores a atuar com racionalidade e serenidade para reformar as matérias aprovadas pela Câmara, como a PEC 443, que aumenta salários de advogados da União e terá um impacto anual de R$ 2 bilhões nas contas públicas.
Com críticas severas à articulação política do governo e dos deputados em geral, Maggi disse que o que mais preocupa é que durante essa turbulência política e econômica, a Câmara cria um ambiente muito ruim para o Brasil e uma perda do grau de investimento que irá afetar profundamente a vida de todos os brasileiros. Ele conclamou
O encontro que a presidente teria com a coordenadora-geral da Marcha das Margaridas às 15h no Planalto foi adiado para as 16h, por causa da reunião de emergência com os ministros e o vice.
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