• Protesto foi ouvido em 21 capitais do Brasil; houve convocação em massa nas redes sociais
Por O Globo
RIO - Veiculado na noite desta quinta-feira, o programa partidário do PT — quemostrou a presidente Dilma Rousseff dizendo que "sabe suportar pressões e injustiças"—, foi alvo de protestos em todas as regiões do país. Apesar de o fim da inserção, que durou 10 minutos, ironizar os panelaços, moradores de diversas cidades brasileiras bateram panelas ao mesmo tempo em que a propaganda do partido era exibida na TV.
Logo no início do programa, já se ouvia um forte panelaço em Copacabana e Botafogo, bairros da Zona Sul do Rio. Também na Zona Sul, o barulho foi forte na Gávea, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico e Ipanema. No Humaitá, panelaço e buzinaços, com mais intensidade no momento da aparição da presidente Dilma, além de gritos contra a petista. Na Praça São Salvador, em Laranjeiras, houve panelaço e discussão entre críticos e defensores do governo Dilma. Também houve protestos no Centro da cidade, na Lapa, Bairro de Fátima e no Rio Comprido. O panelaço também chegou à Zona Norte do Rio. No Méier, na Tijuca e no Engenho de Dentro. No Grajaú, protestos e gritos de “Fora, Dilma”. Também houve panelaço em Niterói e São Gonçalo.
Protesto chega à periferia de São Paulo
O protesto também foi forte em São Paulo, onde foram registrados panelaço em bairros como Pinheiros, Jardins, Pompéia, Itaim Bibi, além de Santa Cecília e Higienópolis. Em alguns bairros, as pessoas fizeram ainda buzinaços e piscaram as luzes das casas e apartamentos. Pela primeira vez, houve panelaço na periferia da Zona Norte da capital paulista: em Parque Edu Chaves, Jardim Brasil e Vila Sabrina.
O corretor de imóveis Celso Dacca, de 58 anos, morador de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo onde houve panelaço, buzinaço e apitaço, além de gritos de "Fora, PT", criticou os petistas:
— O panelaço é uma forma de protesto contra um governo que criou um projeto de poder. O PT teve uma oportunidade histórica de fazer grandes reformas enquanto estava por cima. Perdeu uma grande chance de fazer uma reforma política, uma reforma administrativa para que este país vá pra frente. O projeto de poder levou o país à bancarrota — disse.
Segundo Dacca, este não é o primeiro protesto dele contra o governo federal. Eleitor do senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da última eleição, ele disse que já foi à Avenida Paulista no dia 15 de março e bateu panela contra o governo federal nos últimos pronunciamentos da presidente Dilma à nação.
— O governo enganou o povo. Está fazendo tudo o que disse que não faria na eleição — desabafou.
Em Curitiba, foram registrados protestos em vários pontos da cidade. Além de moradores batendo panelas, também se ouviram gritos de "Fora Dilma" e "Fora PT".
Em Porto Alegre, houve panelaço em vários bairros. Também houve protesto nas cidades gaúchas de Santa Maria, na Zona Central do estado, e em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana.
Em Cuiabá, capital do Mato Grosso, o panelaço se espalhou por vários bairros da cidade durante os dez minutos do programa do PT. Assim como em outras cidades, em Cuiabá também foram registrados buzinaço e gritos contra o governo.
Os panelaços também aconteceram no Espírito Santo, em Mato Grosso do Sul, no Ceará, em Alagoas e no Pará.
Nas redes sociais, páginas críticas ao governo Dilma chamaram internautas a protestar de forma barulhenta no momento da exibição do programa petista na televisão. “Vamos tirar as panelas da gaveta e espancá-las espontaneamente em alto e bom som”, diz a descrição de um dos eventos no Facebook.
Com a prisão do ex-ministro José Dirceu na última segunda-feira, o PT já esperava novos panelaços durante a veiculação da propaganda. A presidente foi alvo de um panelaço em março, ao usar o pronunciamento pelo Dia Internacional da Mulher para pedir “paciência e compreensão” da população. Depois dessa reação, ela desistiu de discursar na televisão no Dia do Trabalho.
Nesta quinta-feira, a inserção do PT ironizou os panelaços:
— Nos últimos tempos, começaram a dar uma nova utilidade às panelas. A gente não tem nada contra isso. Só queremos lembrar que fomos o partido que mais encheu a panela dos brasileiros. Se tem gente que se encheu de nós, paciência, estamos disposto a ouvir, corrigir, melhorar. Mas com as panelas, vamos continuar fazendo o que a gente mais sabe: encher de comida e esperança. Esse é panelaço que gostamos de fazer pelo Brasil — afirmou o ator José de Abreu, que conduziu o programa.
Datafolha: governo Dilma tem 71% de reprovação
No momento em que o Planalto faz apelos à sociedade, à oposição e ao Congresso e o governo se vê às voltas de uma crise política onde até a base aliada ameaça abandonar o barco, uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira pelo jornal “Folha de S.Paulo” mostra que a presidente Dilma Rousseff tem 71% de reprovação, superando assim as piores taxas registradas pelo ex-presidente Fernando Collor no cargo às vésperas de sofrer processo de impeachment, em 1992.
Na pesquisa anterior, divulgada na terceira semana de junho, 65% dos entrevistados avaliaram o governo Dilma como ruim ou péssimo.
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