Por Cristiane Agostine – Valor Econômico
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) prometeu ajudar o PSOL a articular no Senado a alteração da proposta que veta a participação de partidos pequenos em debates na televisão durante as eleições. A medida está em debate no projeto de reforma política e pode ser votada hoje. Ontem, FHC reuniu-se com a direção do PSOL em seu instituto, em São Paulo.
Segundo a ex-deputada Luciana Genro (PSOL), candidata presidencial derrotada em 2014, que participou do encontro, Fernando Henrique se comprometeu a falar com os 11 senadores do PSDB e com o relator da proposta no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), para fazer com que a medida passe a valer depois das eleições de 2018.
"Ele prometeu nos ajudar a aprovar uma emenda no Senado para fazer com que a medida não interfira nas próximas eleições", disse Luciana Genro, integrante do comando nacional do partido, depois da reunião que durou cerca de uma hora. Participaram também o presidente nacional do PSOL, Luiz Araujo, o deputado estadual Carlos Giannazi (SP) e outros dirigentes do partido.
Apesar das críticas contundentes do PSOL às duas gestões de FHC, Luciana disse que o encontro foi "muito bom" e que o ex-presidente foi "muito receptivo" e "prometeu ajudar".
De acordo com o texto já aprovado na Câmara e na comissão que analisa a reforma política no Senado, nas eleições de 2018 só poderão participar dos debates na televisão os candidatos de partidos que elegeram em 2014 bancada federal com no mínimo nove parlamentares - atualmente têm direito os postulantes de legendas com pelo menos um deputado federal. Além disso, a participação deverá ter apoio de pelo menos dois terços das demais candidaturas.
Com isso, 12 dos 28 partidos que têm deputados federais não poderão participar (42,8% do total), incluindo o PSOL e o PV.
O PSOL pediu ajuda para FHC não só para adiar o início da medida, mas também para reduzir de nove para cinco o número mínimo de deputados federais para ter direito a participar dos debates. Na eleição de 2014, a sigla elegeu uma bancada federal com cinco parlamentares. "Mas ele [FHC] demonstrou simpatia só sobre a proposta de a medida não valer para as próximas eleições", disse Luciana. "É mais democrático, para não mudar as regras no meio do jogo".
Hoje, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) deve procurar os senadores do PSDB para tentar convencê-los a derrubar ou modificar a proposta. O partido vê a bancada tucana no Senado como o "fiel da balança".
Na votação na Câmara, o PSOL recebeu apoio do PT mas não conseguiu derrubar a proposta, patrocinada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O PMDB deve votar contra a participação dos partidos pequenos em debates. Caso a proposta seja aprovada no Congresso, o PSOL deve pedir a intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para pedir à presidente Dilma Rousseff que vete a medida.
O PSOL teme o impacto eleitoral da proibição de participar de debates na televisão. Na análise de Luciana, a medida irá "excluir" a legenda, porque o debate na televisão é o "único espaço onde os candidatos estão em uma situação igual, sem diferenças como o tempo de propaganda eleitoral ou recursos". "Tirar do debate é excluir a candidatura da disputa eleitoral".
Ao adiar para depois das eleições de 2018, Luciana disse que o partido poderá se preparar e mudar a estratégia eleitoral para tentar eleger uma bancada maior.
Integrantes do PSOL, como Luciana Genro, têm buscado uma aproximação com o ex-presidente tucano. Há poucos dias, a dirigente do partido reuniu-se com Fernando Henrique no instituto do tucano. Segundo Luciana, foi para gravar um depoimento para um documentário sobre a drogas.
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