Por Fernando Taquari e Cristian Klein – Valor Econômico
SÃO PAULO e RIO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu junto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, uma das vozes mais influentes do PSDB, a manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff. Com o objetivo de "trocar ideias sobre a crise política e econômica", Haddad ofereceu no fim de agosto um almoço a Fernando Henrique. No encontro, os dois compartilharam a ideia de que a presidente precisa "começar a trabalhar" para por fim aos pedidos de renúncia e enterrar de vez as teses de impeachment.
Em evento no Rio, FHC disse que não estimula o movimento de uma frente pelo impeachment de Dilma, que será lançada no Congresso com a participação de tucanos. "Impeachment ocorre quando é indiscutível, quando errou mesmo e tem responsabilidade criminal. Não adianta estimular. Ou aconteceu ou não", afirmou. Ao comentar aproximação com Haddad, o ex-presidente disse que teve uma "conversa genérica" com o petista, assim como tem feito com outros políticos adversários do PSDB.
Haddad articula a favor de Dilma em encontro com Fernando Henrique
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu junto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, uma das vozes mais influentes do PSDB, a manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff. Com o objetivo de "trocar ideias sobre a crise política e econômica", Haddad ofereceu no fim de agosto um almoço a Fernando Henrique. No encontro, realizado a pedido do petista na sede da prefeitura, os dois compartilharam a ideia de que a presidente precisa "começar a trabalhar" para por fim aos pedidos de renúncia e enterrar de vez as teses de impeachment.
Ontem, depois de lançar, no Rio, seu livro com críticas ao PT "A miséria da política - Crônicas do lulopetismo e outros escritos". FHC disse que teve uma "conversa genérica" com o petista, assim como tem feito com outros políticos do partido adversário do PSDB. E afirmou não ser raivoso. "Haddad é um colega de universidade, do mesmo departamento. Converso com muita gente do PT. Não sou raivoso. Não faço o que foi feito comigo. Temos que manter o diálogo", defendeu. FHC lembrou que já teve muitas conversas com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e que é "muito ruim levar a política à exasperação pessoal". Segundo interlocutores, foi uma conversa franca entre dois intelectuais e professores da USP e não houve nenhum tipo de articulação política. Na ocasião, Haddad concordou com as declarações de FHC, expressadas dias antes, por meio de redes sociais, onde o tucano defendia a necessidade de Dilma reconhecer erros e começar a trabalhar para apontar caminhos que assegurem a recuperação nacional. As declarações do ex-presidente provocaram polêmica na oportunidade por sugerirem a hipótese de renúncia.
No Rio, FHC disse que não estimula o movimento de uma frente parlamentar pelo impeachment de Dilma, lançada no Congresso com a participação de tucanos. "Não estimulo porque impeachment é o que pode acontecer mas não precisa ser estimulado, [precisa] que seja visível, que a pessoa perceba que não dá. Por enquanto isso não aconteceu", afirmou.
FHC lembrou que ao lado de Ulysses Guimarães e outros políticos resistiu muito a apoiar o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, por medo de desorganização institucional, "até que veio a declaração do irmão dele [Pedro Collor] numa revista, que era indiscutível". "Impeachment ocorre quando é indiscutível, quando errou mesmo e tem responsabilidade criminal. Não adianta estimular. Ou aconteceu, ou não aconteceu", disse.
No almoço, Haddad reiterou sua posição contra o afastamento da presidente e reconheceu que a reunião com o tucano poderia despertar "paranoia" dentro do PT sobre uma eventual conspiração.
Foi durante o almoço que Haddad ofereceu ao ex-presidente um ingresso para a ópera "Manon Lescaut", de Puccini, no Teatro Municipal. Os dois foram juntos na terça-feira em data escolhida por FHC. O diálogo entre o tucano e o petista ocorre depois de tentativas frustradas de aproximação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu antecessor. O petista teria tentado articular uma conversa com FHC para impedir o aumento da pressão na oposição pelo impeachment de Dilma no momento em que o governo federal enfrenta movimentos pedem o afastamento da presidente.
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