- Folha de S. Paulo
Aliados, próximos e distantes, são unânimes em dizer que Dilma Rousseff precisa mudar, reinventar-se, para sair da encalacrada em que se meteu e superar a crise atual. Questão de sobrevivência.
Pois bem, um episódio ainda inédito mostra que ela até pode ter mudado em algumas coisas, mas não em certos tipos de comportamentos que causaram um belo estrago no seu governo e também no país.
No final de agosto, a Petrobras decidiu aumentar em 15% o gás de cozinha para as distribuidoras. A estatal não reajustava o produto desde dezembro de 2002. Isso mesmo. Passou todo governo Lula e o de Dilma também sem mexer neste preço.
Dois dias depois, Dilma pega o telefone, liga para o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e lhe dá uma bela bronca, daquelas que adora aplicar em assessores desobedientes. Tudo porque a estatal fez o que devia e, por sinal, não recuou.
Ou seja, a história alardeada pelo governo de que a petroleira, sob nova direção, passou a ter liberdade para definir sua política de preços não é assunto bem resolvido na cabeça da presidente da República.
É bom lembrar que a crise da estatal não vem só da Operação Lava Jato, mas também do intervencionismo presidencial, que segurava o preço dos combustíveis para baixar a inflação na marra. Um fracasso.
Os números mostram o prejuízo que esta política deixou na empresa. No reinado de Dilma Rousseff, a estatal encolheu US$ 200 bilhões. Seu valor caiu de US$ 228,211 bilhões para US$ 28,032 bilhões.
Enfim, algo segue bem errado no Planalto. Aliados ameaçam abandonar o barco, a economia está em frangalhos e a presidente encontra tempo para dar uma bronca num assessor que cumpriu o seu dever.
Como diz um empresário amigo, mas que já começa a perder a paciência com a presidente, ela gasta muito tempo com detalhes e não foca no essencial. Mais do que isto, demora a enxergar o essencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário