Dilma diverge do PT e diz que Levy fica no Ministério da Fazenda
• Presidente demonstrou impaciência com perguntas sobre a reunião de sexta-feira, em Brasília, que ampliou rumores sobre demissão do ministro; opinião do PT e do governo sobre o tema são divergentes
Andrei Netto - O Estado de S. Paulo
ESTOCOLMO - A presidente Dilma Rousseff afirmou na tarde deste domingo, 18, em Estocolmo, na Suécia, que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não está saindo do governo. A garantia enfática foi feita em sua primeira entrevista concedida após a reunião realizada na sexta-feira, em Brasília, quando cresceram os rumores sobre a suposta iminente saída de Levy.
Irritada com as perguntas, Dilma quis colocar um ponto final nas questões sobre o tema. "Ele (Levy) não está saindo do governo. Ponto. Eu não trato mais desse assunto", afirmou. "Qualquer coisa além disso está ficando especulativo. Vocês não farão especulação a respeito do ministro da Fazenda comigo."
Indagada sobre se concordava com a avaliação feita pelo presidente do PT, Rui Falcão, que em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo afirmou que ou Levy muda sua política econômica, ou deve sair do governo, a presidente deixou clara sua divergência com seu partido, o maior da base de sustentação do governo. "O presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser. Mas não é a opinião do governo", disse Dilma. "Se eu disse que não é a opinião do governo, o ministro Levy fica."
A presidente reiterou ainda que não discutiu a eventual demissão na reunião realizada na sexta-feira, em Brasília, com Levy, o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. "O que nós conversamos na sexta-feira foi sobre quais são os próximos passos e qual é a nossa estratégia no sentido de que se aprovem as principais medidas sobre o equilíbrio fiscal", reafirmou, assegurando que "não se tocou no assunto" demissão.
Dilma disse ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não solicitou a substituição do ministro. O nome do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, seria o seu favorito. "Ele nunca me pediu nada (a respeito). O presidente Lula, quando quer alguma coisa, não tem o menor constrangimento de falar comigo."
Demonstrando impaciência, a presidente ainda voltou a criticar as "especulações" em torno da saída do ministro. "As pessoas que estão no meu ministério hoje, eu espero que vão até o final do meu mandato. É essa a visão geral", argumentou. "O resto é tentativa errada de especulação, porque cria instabilidade, cria tumulto."
Nenhum comentário:
Postar um comentário