Por Ana Conceição – Valor Econômico
SÃO PAULO - As expectativas para a inflação neste e no próximo ano continuam a se deteriorar e, com isso, o mercado espera uma queda menor na taxa de juros em 2016, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central. As previsões para a atividade econômica também pioraram.
De acordo com a pesquisa semanal do BC, a mediana das previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano subiu de 9,70% para 9,75% e, para o próximo, saiu de 6,05% para 6,12%. Em 12 meses, a estimativa subiu de 6,24% para 6,27%. Assim, a previsão para o IPCA em 2016 se aproxima do teto da meta, de 6,5%. Há apenas quatro semanas, a expectativa era de que a inflação subisse 5,70% no período.
Apesar de o IPCA estar chegando próximo aos 10%, os analistas não acreditam numa alta de juros este ano. A taxa Selic está atualmente em 14,25%. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, decide se ela continuará neste nível.
Para 2016, o mercado ainda vê uma redução na Selic, mas menor do que se esperava antes. Agora, a expectativa é que a taxa caia a 12,75% ao fim do ano que vem. Na semana anterior, a aposta estava em 12,63% e, há um mês, em 12,25%.
A inflação tem sido pressionada pela desvalorização do câmbio e também pela alta dos preços administrados, como energia elétrica e gasolina. Em 2015 esses preços devem subir 16% e, em 2016, 6,35%, taxas acima da inflação prevista para ambos os períodos. No Focus, os analistas não mexeram na previsão para o dólar em 2015 (R$ 4,00), mas reduziram ligeiramente a estimativa para 2016, de R$ 4,15 para R$ 4,13.
Entre os analistas Top 5, a mediana das estimativas de médio prazo para o IPCA deste ano subiu de 9,61% para 9,81%. Para o próximo, seguiu em 6,72%. Quanto à Selic, as projeções são as mesmas do mercado em geral.
Atividade
Enquanto a inflação sobe, a atividade cai. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano saiu de queda de 2,97% para retração de 3% e a do próximo ano cedeu de menos 1% para recuo de 1,22%. A produção industrial deve cair 7% em 2015 e 1% em 2016, estimativas inalteradas.
Os dados mais recentes sobre a economia indicam uma deterioração maior que a esperada. Na sexta-feira, o BC divulgou seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que veio pior (-0,76%) que o previsto (-0,6%) em agosto ante julho, e reforçou a expectativa de recuo de 3% no PIB deste ano, segundo economistas.
Ainda na semana passada, o IBGE informou que as vendas do varejo restrito caíram 0,9% em agosto, bem mais que o 0,6% esperado. O tombo no ano chega a 3%. Em 12 meses, a 1,5%. Inflação e desemprego em alta continuam a afetar o setor, que teve o pior agosto desde 2000, disse o IBGE. Os serviços tiveram queda real de 3,5% no mês e de 1,1% em 12 meses. Para a FGV, o recuo de serviços indica que a retração da economia está se acelerando. Aqueles prestados às famílias recuaram 8,2%.
Em meio à série de dados negativos, a Fitch rebaixou a nota brasileira, de BBB para BBB-, com perspectiva negativa, citando o peso da dívida pública, piora no cenário econômico e desafios na consolidação fiscal.
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