• Presidente da Câmara voltou a questionar a falta de denúncia contra membros do PT
Por Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA - Confrontado na noite desta sexta-feira com a divulgação de relatório do Ministério Público suíço mostrando que usou contas secretas na Suíça para pagar faturas milionárias de cartões de crédito internacional e despesas pessoais da família na Inglaterra, na Espanha e nos EUA, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mostrou disposição de reagir a sua suspeita de que Planalto e PT articulam para que seja execrado e visto como o líder do escândalo de desvios da Petrobras, minimizando a participação de dirigentes do PT, como o ex-tesoureiro João Vaccari e o ex-ministro José Dirceu.
“Piada achar que eu sou o personagem da Lava-Jato”, reagiu Cunha em mensagem por telefone.
Cunha disse ser muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo Dilma. “À evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles, e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobras”, disse Cunha, reclamando do que chamou de divulgação seletiva de notícias. “Refutamos a tentativa contínua de transformar o presidente da Câmara no principal foco da investigação”, diz a nota.
Os advogados do presidente da Câmara divulgaram nota no início da madrugada para criticar o vazamento de documentos que apenas o procurador geral da República, Rodrigo Janot, teve acesso, e protestar contra a inclusão da esposa do deputado, Cláudia Cruz, e da filha Danielle, não incluídas na investigação sobre seu envolvimento na Operação Lava-jato. Os advogados Marcelo de Castro e Alexandre José Garcia de Souza também protestam contra a quebra de sigilo pelas instituições bancárias suiças.
A nota diz que, “sem que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se estranhar que informações protegidas por sigilo – garantido tanto constitucionalmente, como também pelos próprios tratados de cooperação internacional - estejam sendo ostensivamente divulgadas pela imprensa”.
Segundo os advogados, até o momento veiculação pela Imprensa dos documentos que mostram o caminho do dinheiro depositado em contas secretas na Suíça e seu uso para pagamento de despesas pessoais da família, Cunha não foi notificado, nem mesmo teve acesso, a qualquer procedimento investigativo que tenha por objeto atos ou condutas de sua responsabilidade.
Sem negar ou confirmar as informações veiculadas, segundo a nota dos advogados, as únicas informações que Eduardo Cunha possui são as veiculadas na noite de ontem pelos órgãos de Imprensa.
“Há dias vários veículos de imprensa noticiam que autoridades suíças teriam remetido ao Ministério Público Federal no Brasil investigação sobre irregularidades em contas bancárias naquele país, as quais supostamente guardariam relação com o Presidente da Câmara dos Deputados. É de se destacar que até o momento o Presidente da Câmara dos Deputados não foi notificado, nem mesmo teve acesso, a qualquer procedimento investigativo que tenha por objeto atos ou condutas de sua responsabilidade. As únicas informações que possui são aquelas veiculadas nos órgãos de imprensa.
Sem que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se estranhar que informações protegidas por sigilo – garantido tanto constitucionalmente, como também pelos próprios tratados de cooperação internacional - estejam sendo ostensivamente divulgadas pela imprensa, inclusive atingindo pessoas que sequer são objeto de qualquer investigação, sendo que a única autoridade com acesso a tais informações, segundo o que também se noticia, seria o Procurador-Geral da República”, diz a nota da defesa de Cunha.
Tucano planeja plano b para impeachment
Ao saber do relatório do MP suíço, o líder do PSDB Carlos Sampaio (SP), interlocutor de Cunha na articulação do impeachment, disse que tentará se reunir com o líder da minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE), o líder do DEM, Mendonça Neto (PE), e Rubens Bueno (PR), líder do PPS, para começarem a discutir um plano B para o afastamento de Dilma.
Aos demais líderes da oposição, Sampaio vai recomendar que sigam sua decisão de pedir que Cunha se licencie da presidência da Câmara. Mas, na oposição, a torcida é para que ele encaminhe primeiro a tramitação do pedido de impeachment.
— Pedimos ao presidente Cunha que refletisse sobre a possibilidade de se licenciar se viessem os documentos. Os documentos vieram, e as provas são seríssimas e cabais. Então, acho que ele deve dar, rapidamente, explicações à nação, e, na minha opinião, o caminho é que ele deve se licenciar da presidência da Câmara — disse Sampaio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário