Por Bruno Peres e Andrea Jubé - Valor Econômico
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff pediu a seus auxiliares que tentem se antecipar aos impactos das greves de petroleiros, em curso, e de caminhoneiros, anunciada para a próxima semana, segundo apurou o Valor. Aos funcionários da Petrobras, o governo deverá alinhar um discurso de que as vendas de ativos da estatal não representam a dilapidação de seu patrimônio, mas operações que podem até mesmo ser revertidas no futuro. O assunto foi debatido, na terça-feira, na reunião de coordenação política.
Os dois movimentos grevistas preocupam o Palácio do Planalto. Na avaliação oficial, a paralisação dos petroleiros está mais relacionada à venda dos ativos do que a reivindicações salariais.
Dilma deixou claro que o governo não pretende voltar atrás na decisão da Petrobras de vender ativos para fazer caixa e se reorganizar financeiramente. A intenção do governo, no entanto, é acalmar os ânimos dos petroleiros com um discurso de que isso não pode ser confundido com privatização nem queima do patrimônio da empresa. "No mundo inteiro, é perfeitamente normal que grandes empresas em dificuldades financeiras vendam seus ativos, para depois recomprá-los no futuro", afirmou Dilma na reunião, conforme relatos.
Em relação aos caminhoneiros, a ideia é mobilizar, por exemplo, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir a paralisação de rodovias, o que poderia levar a um desabastecimento no país, com prejuízos à economia. No Planalto, a avaliação é de que, apesar de o movimento ser descentralizado, a ameaça para o país é real. Os ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, foram escalados por Dilma para tentar uma mediação dos conflitos com os caminhoneiros.
No âmbito a greve dos petroleiros, foi debatida a necessidade de buscar um consenso com os grevistas sob o aspecto político, para tentar convencê-los da necessidade de buscar uma solução para as dificuldades financeiras da Petrobras. Os reflexos na produção de óleo e gás também estão sendo monitorados. (Colaborou Daniel Rittner)
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