“A única constatação, óbvia, que as pesquisas permitem fazer, é que os dados apurados mostram que a candidatura do ex-presidente Lula é inviável, hoje, e o PT bem faria se começasse a testar outros nomes, de preferência escolhendo-os entre os seus filiados que não participaram da cúpula partidária, nos últimos anos, por razões evidentes por si.
Por que a candidatura Lula se mostra inviável? O ex-presidente está com uma rejeição inédita, até mesmo no Nordeste, seu reduto mais fiel. Hoje, 55% do eleitorado diz que não votaria em Lula de jeito nenhum. Esse percentual era de 33% em maio do ano passado, uma queda vertiginosa para alguém carismático que cultiva a fama de pai dos pobres, que se vitimiza ainda com sucesso a qualquer obstáculo com que se depara na sua carreira política.
Só a rejeição, porém, não é tudo. Lula aparece nas respostas de 67% dos eleitores como tendo responsabilidade nos fatos criminosos em investigação na operação Lava-Jato.
São, então, 55% de rejeição, 67% que o responsabilizam pelo maior escândalo que sangrou a maior estatal brasileira. Um veredicto que torna inviável sua candidatura, hoje. A Lava-Jato, bem como agora a Operação Zelotes, no caso do Lula, constituem o fato político, jurídico, policial mais importante dessa conjuntura que vai empurrar o país até a sucessão e sobre ela exercer uma influência decisiva. As duas taxas combinadas são mortais para Lula, mas não o tirarão da campanha que se desenvolve hoje até que possa trabalhar por alguém. Vai ficar reservando lugar até o fim. Quem sabe não fica? Tudo depende.”
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Rosângela Bittar, jornalista, é chefe da Redação, em Brasília. ‘Não foi bom para ninguém”, Valor Econômico, 4 de novembro de 2015.
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