- Folha de S. Paulo
Dezenas de pessoas protestam ao lado de um cartaz com a inscrição Fora Cunha. A foto parece atual, mas foi tirada em 1992. Os manifestantes pediam a saída de Eduardo Cunha da presidência da Telerj, antiga estatal de telefonia do Rio.
A gestão foi marcada por um escândalo de licitações viciadas para a produção de listas telefônicas. As concorrências eram regidas por "métodos da obscuridade", como definiu à época o colunista Janio de Freitas.
Cunha sobreviveu às denúncias e ao impeachment de Fernando Collor. Ainda conseguiu se agarrar à cadeira por sete meses, graças a articulações políticas e liminares judiciais. Foi um dos últimos "colloridos" a serem extirpados do governo por Itamar Franco, em abril de 1993.
Seis anos depois, Cunha reapareceu na presidência da Cehab, a companhia estadual de habitação do Rio. Havia ressurgido sob as asas do governador Anthony Garotinho, de quem hoje é inimigo. Sua gestão voltou a ser marcada por escândalos, dessa vez em licitações para a construção de casas populares.
Em março de 2000, o ex-governador Leonel Brizola lançou o segundo Fora Cunha, "devido à má gestão e também aos seus antecedentes". Garotinho resistiu, mas foi obrigado a afastar o aliado no mês seguinte.
Nesta quarta, surgiu a foto do Fora Cunha 3.0. A imagem mostra uma chuva de dólares caindo sobre o deputado, enquanto ele dava entrevista na Câmara. As cédulas eram falsas, diferentemente das que irrigaram as contas do deputado na Suíça.
O autor do protesto parece ter se inspirado no humorista Simon Brodkin. Em julho, o britânico lançou um maço de cédulas sobre a calva do então presidente da Fifa, Joseph Blatter, em outra entrevista coletiva em Zurique. A foto virou símbolo do escândalo de corrupção no futebol.
A exemplo de Cunha, Blatter fez de tudo para permanecer no cargo, do qual parecia ser inderrubável. Foi afastado no início de outubro, 78 dias depois do banho de dólares.
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