- Valor Econômico
SÃO PAULO e RIO - O recuo de 1,7% da atividade econômica no terceiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior foi pior do que se esperava - a média das projeções coletadas pelo Valor Data era -1,3%. Essa surpresa negativa provocou uma série de revisões nas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB). Para este ano, já se estima uma recessão próxima de 4%. Para 2016, se o ritmo de produção atual for mantido, sem novas quedas, só a herança estatística, ou seja, o efeito dos dados apurados sobre os próximos trimestres, já significaria um encolhimento entre 1,5% e 2%.
As principais surpresas negativas dos dados divulgados ontem pelo IBGE foram os serviços e o consumo das famílias, que tiveram queda de 1% e 1,5%, respectivamente. Os dois componentes, ligados à dinâmica da renda e do mercado de trabalho, ainda vinham resistindo à perda de tração da economia.
Foi o terceiro trimestre consecutivo de queda do PIB - o que não ocorria desde 1996. Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, a retração é de 4,5%. Os investimentos diminuíram 4% em relação ao trimestre anterior, numa série inédita de nove quedas seguidas. No acumulado de 2015, o recuo já é de 12,7% e, em quatro trimestres, de 11,2%. A indústria, com queda de 1,3% no trimestre, não dá sinais de estabilização. O pior desempenho, porém, veio do setor agropecuário, que registrou queda de 2,4%.
Para o economista do Goldman Sachs, Alberto Ramos, o que era uma "recessão profunda", resultante de ajustes necessários, tem se transformado em "depressão econômica", provocada pela contração expressiva da demanda doméstica.
Armando Castelar Pinheiro, do Ibre-FGV é menos dramático. Diz que a paralisia decorre em grande parte da política e que as expectativas podem ser revertidas rapidamente caso governo e Congresso mudem de postura. "Não está escrito em lugar nenhum que necessariamente continuaremos com esse desempenho negativo"
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