• Alguns caciques do PT avaliam que o Palácio do Planalto deveria dar um basta às chantagens de Cunha e pagar pra ver a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara
- Correio Braziliense
A presidente Dilma Rousseff voltou às pressas de Paris, onde participou da conferência do clima, para fazer prevalecer na Comissão de Ética o acordo feito em seu nome pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com objetivo de barrar o processo de cassação do parlamentar no Conselho de Ética da Casa por falta de decoro. Dilma teme que Cunha despache a favor da abertura do seu processo de impeachment caso os três deputados do PT no colegiado votem a favor da cassação do peemedebista.
Os deputados Zé Geraldo (PT-PE), Léo de Brito (PT-AC) e Valmir Prascidelli (PT-SP) são os fiéis da balança da votação, pois Eduardo Cunha já contaria com os votos de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Cacá Leão (PP-BA), Erivelton Santana (PSC-BA), Paulinho da Força (SD-SP), Ricardo Barros (PP-PR), Washington RPMDB-RJ), Vinícius Gurgel (PR-AP) e Wellington Roberto (PR-PB) para se livrar do processo. Ou seja, nove dos onze votos que precisa.
São declaradamente a favor da abertura do processo os deputados Fausto Pinato (PRB-SP), que ontem defendeu seu relatório na sessão do Conselho favorável à abertura do processo, José Carlos Araújo (PSD-BA), Lisiane Gama (Rede-MA), Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), Sandro Alex (PPS-PR), Marcos Rogério (PDT-RO) e Betinho Gomes. Hoje, a sessão do Conselho de Ética será retomada sobre grande tensão, maior até que a de ontem, na qual os aliados de Cunha manobraram para impedir a votação.
É uma corrida contra o relógio. O tempo favorece as pressões do Palácio do Planalto sobre os deputados petistas, que estão sendo ameaçados de retaliação. A mais dura é a demissão de apadrinhados nomeados para cargos federais. O discurso dos petistas, porém, é de que o voto contra Cunha provocaria a abertura do impeachment de Dilma Rousseff e que é mais importante salvar o governo do que defenestrar o presidente da Câmara.
A presidente da República está sendo chantageada abertamente pelo presidente da Câmara. Na segunda-feira, Cunha foi ao Palácio do Jaburu conversar com o vice-presidente Michel Temer somente para sinalizar a intenção de disparar o processo de afastamento de Dilma tão logo os petistas votem contra ele no Conselho de Ética.
Nota destoante
Não existe uma sintonia fina entre a presidente Dilma Rousseff, que voltou de Paris aflita com a crise, e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que ontem utilizou sua conta pessoal no Twitter para orientar os deputados da legenda a votarem contra Eduardo Cunha: “Confio em que nossos deputados, no Conselho de Ética, votem pela admissibilidade”, disse.
Falcão se alinhou aos 31 deputados da bancada petista que lançaram um manifesto a favor da cassação de Cunha. Nenhum dos três deputados do Conselho de Ética, porém, assina o documento. O texto afirma que Cunha revela “falta de qualquer pudor em utilizar sua posição de direção da Câmara em proveito próprio, inclusive promovendo e patrocinando o cancelamento da sessão do Conselho de Ética, atacando instituições e praticando toda a sorte de chantagens.”
A tuitada de Falcão pode ser mero jogo de cena para livrar a cara da legenda, mas alguns integrantes desse grupo já estão falando nos bastidores em deixar o PT caso a posição dos seus representantes no Conselho de Ética seja favorável a Cunha. Pelo menos oito deputados estão em negociação com a Rede, de Marina Silva, via o líder da bancada do novo partido na Câmara, o ex-petista Alexandre Molon (RJ).
Caso não seja um embuste, a mensagem de Rui Falcão ganha nova dimensão. Alguns caciques do PT avaliam que o Palácio do Planalto deveria dar um basta às chantagens de Cunha e pagar pra ver a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Acreditam que o governo teria mais de 170 votos em plenário para barrar a proposta da oposição. O problema é convencer Dilma de que o risco vale a pena.
Ordem unida
O general de exército José Carlos De Nardi (71), chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) desde a sua criação, em 2010, deixará o posto. Saiu discordando do novo ministro da Defesa, Aldo Rebelo, em relação à segurança das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Assumirá o posto o almirante de esquadra Ademir Sobrinho, que comandava a Chefia de Operações Conjuntas (CHOC) da Marinha. De Nardi defendia maior rigor em relação à entrada de estrangeiros durante as Olimpíadas. Teme a existência de grupos simpatizantes do Estado Islâmico no Brasil.
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