Em mais um fiasco de proporções olímpicas, a presidente Dilma Rousseff bateu uma porção de recordes negativos no terceiro trimestre e conseguiu superar – para o lado pior – até as projeções mais pessimistas. O PIB foi 4,5% menor que o de julho a setembro do ano passado. O valor acumulado em 12 meses ficou 2,5% abaixo do apurado no período anterior. O produto da indústria foi 6,7% inferior ao do trimestre correspondente de 2014. O investimento em capital físico, isto é, em máquinas, equipamentos e obras, recuou 15% em relação ao realizado um ano antes. Todos esses dados são os piores da série iniciada em 1996, mas o conjunto de números desastrosos é mais amplo e inclui também o balanço do consumo familiar, arrasado pelo desemprego crescente, pela erosão da renda real, pela dificuldade de acesso ao crédito e pelos juros insuportáveis.
A economia se manteve no vermelho em todos os trimestres de 2015. De janeiro a setembro o PIB foi 3,2% menor que o de igual período de 2014. No fim da semana passada, o mercado financeiro projetava para este ano uma contração econômica de 3,19%. Em seu último relatório de avaliação de receitas e despesas federais, o Ministério do Planejamento alterou de 2,44% para 3,10% a recessão estimada para 2015. O desastre contabilizado até agora já estimula consultorias e departamentos econômicos de instituições financeiras a rever as estimativas para o próximo ano. Na última semana, a mediana das projeções do mercado indicava uma queda de 2,04% em 2016.
Com inflação batendo em 10% e talvez superando esse nível neste ano, muitos economistas abandonam a perspectiva de redução de juros nos próximos meses. Alguns admitem até o risco de novo aumento, apesar do tamanho da recessão. A alta de preços projetada para 2016 já supera 6,6%. Sem expectativa de melhora sensível nas contas públicas, o Banco Central (BC) continuará praticamente sozinho na política anti-inflacionária, sem espaço, portanto, para afrouxar sua política.
Mesmo sem novo aumento de juros, haverá pouco espaço para a reativação do consumo e para a expansão do investimento. Mantida a taxa básica em vigor, de 14,25% ao ano, todas as funções de produção e consumo continuarão fortemente travadas. No terceiro trimestre o consumo das famílias foi 4,5% inferior ao de um ano antes. O desemprego já está próximo de 9% e poderá passar de 10% dentro de pouco tempo.
Sem emprego e sem crédito, os consumidores continuarão retraídos. Com as famílias tentando, cautelosamente, sobreviver ao aperto, haverá pouco estímulo à retomada da produção industrial. Restará buscar o mercado externo, mas a maior parte da indústria está pouco preparada para a competição internacional.
Mesmo com algum estímulo, a indústria terá pouco vigor para um crescimento sustentado. Sem investimento em máquinas, equipamentos, energia e sistemas de transporte, o potencial de expansão, especialmente da indústria, é muito limitado. Esse potencial, tudo indica, diminuiu nos últimos quatro ou cinco anos.
O investimento em capital físico, no terceiro trimestre, ficou em 18,1% do PIB, a menor taxa para o período de julho a setembro desde 2010. A maior taxa, de 21,6%, foi registrada no terceiro trimestre de 2013. A maioria dos países em desenvolvimento exibe níveis de investimento bem maiores, quase sempre acima de 25%.
Mesmo com inegável insegurança, a maior parte das economias desenvolvidas continua em crescimento – até aquelas mais atingidas pela crise nos últimos anos. As emergentes deixam o Brasil muito atrás. A presidente Dilma Rousseff conseguiu no primeiro mandato um crescimento econômico médio de 2,21% ao ano, enquanto os vizinhos mais saudáveis avançavam a taxas médias entre 4% e 6%. Seu quinto ano na Presidência deve terminar com uma contração superior a 3% e mais recessão está prevista para 2016. Em nenhum momento, no entanto, ela reconheceu qualquer erro. Este sintoma é mais agourento que qualquer projeção conhecida.
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