Por Maíra Magro – Valor Econômico
BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou ontem a abertura de dois novos inquéritos para investigar o suposto envolvimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), dos senadores Delcídio do Amaral (PT-MS) e Jader Barbalho (PMDB-PA), além do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) com o esquema de corrupção da Petrobras.
Eles serão investigados por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Um dos inquéritos analisa especificamente fatos relacionados a Renan, Jader e Aníbal Gomes. O outro envolve a atuação de Delcídio, Renan e Jader.
Nos dois casos, os pedidos de investigação foram apresentados na segunda-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizados ontem por Zavascki. Ontem mesmo, o ministro determinou o envio dos autos à Polícia Federal para diligências. Os dois inquéritos correm em segredo de Justiça, por isso não há detalhes sobre o que será investigado.
Ao que tudo indica, porém, os inquéritos dizem respeito a declarações feitas pelo lobista Fernando Soares, conhecido como Baiano, em acordo de delação premiada na Lava-Jato.
Este é o quinto inquérito solicitado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Renan dentro da operação.
Quanto a Delcídio, um primeiro inquérito foi aberto para apurar tentativas de obstruir as investigações da operação e comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Essa investigação decorre de uma gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, de um encontro com Delcídio, seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro. Na conversa, Delcídio participa de uma tratativa para comprar o silêncio de Cerveró, para que não fechasse delação na Lava-Jato e, caso fizesse esse acordo, deixasse de mencionar o nome do senador como envolvido no escândalo da Petrobras. Delcídio chegou até a sugerir, com os outros participantes, um plano de fuga de Cerveró para fora do Brasil.
O novo inquérito, aberto ontem, vai apurar o suposto envolvimento no esquema de desvio de verbas da Petrobras. Em delação premiada, Baiano teria mencionado Delcídio como um dos beneficiários de propina obtida de recursos desviados da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal brasileira. O senador teria recebido o dinheiro para financiar sua campanha para o governo do Mato Grosso do Sul, em 2006.
Também segundo a delação de Baiano, Delcídio teria recebido suborno para endossar o nome de Cerveró para a diretoria Internacional da Petrobras.
Baiano teria mencionado ainda Renan e Jader como beneficiários do esquema de corrupção.
Jader, por sua vez, já é alvo de dois inquéritos da Lava-Jato. No total, o Supremo investiga 68 pessoas como parte da operação - incluindo 14 senadores e 23 deputados.
Paralelamente, também ontem, a PGR pediu a abertura de um terceiro inquérito contra Delcídio, para apurar fatos diversos, mas também relacionados à Lava-Jato. Zavascki ainda decidirá se autoriza ou não essa investigação. Renan e Jader têm negado envolvimento em qualquer tipo de irregularidade.
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