• PSDB estuda como participar de eventual governo Temer sem trair sua agenda e mantendo o projeto de candidatura própria em 2018
- O Globo
- BRASÍLIA- Após 13 anos de oposição e de perder por pouco as eleições presidenciais de 2014, o PSDB começa a formalizar hoje sua participação em um eventual governo de Michel Temer, agora que o processo de impeachment seguiu ao Senado.
O embarque numa gestão de união nacional é um dilema com o qual os líderes tucanos têm se debatido nos últimos meses. Seja qual for a contribuição, porém, o partido sustenta: uma administração peemedebista não será um governo do PSDB, e o projeto de voltar ao Palácio do Planalto com uma vitória nas eleições de 2018 não será abandonado.
Numa avaliação realista, os tucanos estão cientes de que não têm alternativa.
— Tendo promovido a queda do governo petista, não há como fugir à responsabilidade de ajudar o governo Temer a dar certo. A nossa prioridade agora é ajudar o Brasil a sair da crise; 2018 é 2018 — diz o senador Aloysio Nunes Ferreira ( SP).
Mas a sigla sabe igualmente que a adesão é uma aposta de risco, que pode cobrar um preço alto em 2018. Os adversários Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e Marina Silva, da Rede, tendem a ocupar o espaço da oposição no dia seguinte de um eventual impedimento de Dilma.
Por isso, uma das condições tucanas é que Michel Temer assuma uma agenda de reformas e dê uma garantia firme de que o PMDB não vai desequilibrar a disputa eleitoral, tanto no pleito de 2016 quanto daqui a dois anos.
— Ele não pode levar quadros do PSDB para o seu governo e jogar pesado contra o partido nas eleições — diz o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres ( SP).
O PSDB vai entregar ainda a Temer uma agenda mínima que servirá de base para a sigla apoiar seu governo. O primeiro ponto dessa agenda emergencial, que inclui reformas estruturantes, é um compromisso “inarredável”: o apoio à continuidade da Operação Lava- Jato, que desde 2014 investiga um esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos.
Ainda nesta linha, a partir desta semana, o PSDB fará carga pela cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ).
— Esse vai ser o termômetro para mostrar que o PSDB tem uma linha limite, que não tem acordão. A sociedade está atenta. Não faz sentido o PSDB abandonar sua luta de 13 anos na oposição porque o PMDB se somou a ela. É preciso deixar claro que é o PMDB que está vindo para nosso lado — diz o deputado Pedro Cunha (PSDB- PB).
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