Thais Arbex – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) afirmou à Folha que, com a aprovação do processo de impeachment pela Câmara, a presidente Dilma Rousseff (PT) "está colhendo o que plantou". Segundo ele, Dilma age "com arrogância".
"A presidente não está sendo afastada pela oposição, ela está sendo afastada também pela sua própria base porque ela mostrou que perdeu condições de comandar e governar o país", disse o senador.
Aécio voltou a repetir que "o PSDB não é beneficiário do impeachment" e que sempre defendeu a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas como o partido não tinha "controle temporal" do processo no tribunal e viu que existia a possibilidade de ele ficar para 2017, "houve uma convergência interna a favor do impeachment".
O senador confirmou que deve entregar nos próximos dias ao vice-presidente Michel Temer uma carta em que o PSDB elenca as condições do partido para apoiar o governo peemedebista no Congresso.
"Não vamos fazer como o PT, que negou apoio ao governo Itamar. Não estamos preocupados com cargos, vamos apresentar uma agenda ao Michel", disse.
Já o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) usou as redes sociais à noite para afirmar que a aprovação do processo de impeachment "foi apenas um primeiro passo, mas imenso significado para encerrar a crise política, recuperar a economia e gerar empregos".
Suporte
O PSDB fechou nos últimos dias uma carta para apresentar a Michel Temer um conjunto de "princípios e medidas" que o partido considera essencial para dar apoio no Congresso a um possível governo do peemedebista.
Os tucanos reuniram 11 pontos para, segundo diz o texto, a "formação de um entendimento partidário que promova a conciliação nacional e a construção de um ambiente político-institucional que permita ao país superar este grave momento de sua história".
O texto não trata da possibilidade de o PSDB ter cargos no futuro governo, mas dá indicação de condições impostas para dar governabilidade ao hoje vice-presidente.
Dentre as condições de entendimento estão a continuidade da Lava Jato. "Nada justifica o arrefecimento das investigações", disse um dirigente tucano à Folha.
O documento também diz que o governo Temer deve manter os programas sociais do governo do PT, citando especificamente o Bolsa Família. A diminuição do número de ministérios e o ajuste na Previdência pública constam no item "renovação das práticas políticas e profissionalização do Estado brasileiro".
PMDB
Assim que a votação do impeachment foi aprovada, o senador Romero Jucá (RR), atual presidente do PMDB, afirmou que o partido não vai se render à pressão prometida pelo PT contra o andamento do impedimento da petista.
"O PT já está infernizando a vida de muita gente. Porque tem muita empresa fechando, muita gente demitida. Em matéria de inferno o PT entende bem. Queremos fazer exatamente o contrário. Queremos trazer o céu, o progresso. É essa discussão que vamos ter no Senado", afirmou.
O peemedebista negou que já estejam em andamento negociações para montagem de uma administração Temer, mas admitiu que os partidos que apoiaram o impeachment na Câmara manterão as conversas durante a tramitação do processo no Senado.
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