• Em bunker de Dilma, governistas oferecem cargos e cobram alianças
Catarina Alencastro - O Globo
A semana decisiva para o governo começou surpreendendo os articuladores políticos da presidente Dilma Rousseff. A debandada de aliados não era cogitada dentro do Palácio do Planalto, mas aconteceu. Com o desembarque do PP, desandou o trabalho que vinha sendo feito em busca de votos junto aos deputados. Para conter a sangria, os quatro principais auxiliares da presidente — o ex-presidente Lula, Ricardo Berzoini, Jaques Wagner e Giles Azevedo — montaram uma operação de guerra, procurando deputado por deputado com o rolo compressor da máquina. Em busca de apoio, valia tudo: cobrança por alianças feitas no passado, oferta de cargos e verbas e apelos à amizade.
— Agora, é tampar o nariz e soltar a máquina, sem pruridos. Nós nos vimos obrigados a ir para o varejo. Cada um conversa com quem pode — disse um auxiliar de Dilma.
O comando da tropa coube ao mais audaz negociador político do PT, Lula. Com um mapa na mão, ele deu a cada colaborador a relação dos políticos que deveriam ser abordados. A maioria, deputados. Mas, em alguns casos, familiares de deputados que receberam favores petistas no passado.
O assessor especial da presidente, Giles Azevedo, passou a semana ligando para os deputados listados pelo ex-presidente e os recebendo em sua sala no terceiro andar no Planalto, o mesmo em que Dilma despacha. O ministro Berzoini (Secretaria de Governo), no entanto, foi quem concentrou a maior parte das agendas relacionadas às tratativas com deputados. Na quarta-feira, recebeu 19 deputados e três ministros num mesmo encontro. Desceu de seu gabinete para a sala de Dilma e, ali, decidiram que ela tinha que fazer, pessoalmente, o corpo a corpo atrás dos votos. Quanto a Jaques, ele se tornou o mais próximo de Dilma. É a ele que a petista recorre várias vezes ao dia.
Um dos executores do Plano Lula contou uma das tarefas delegadas pelo expresidente na última sexta: ao saber que o deputado Fábio Faria (PSD-RN) havia declarado voto pelo impeachment, pediu que o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), fosse lembrado de que Dilma comprou briga com a família Alves, de Henrique Alves (PMDB), concorrente derrotado na eleição, ao apoiar Faria, e que Lula gravou vídeo para Robinson.
Agora era a hora de o governador pagar a dívida, botando o filho Fábio para dar o voto a Dilma.
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