• Medida terá impacto de até R$ 1 bilhão no Orçamento; correção de faixas do IR é outra possibilidade
Catarina Alencastro e Cristiane Jungblut – O Globo
A pouco mais de uma semana da votação da abertura do processo de impeachment no Senado, a presidente Dilma Rousseff anunciará hoje, em evento do Dia do Trabalho em São Paulo, um aumento escalonado do Bolsa Família. Segundo auxiliares da presidente, o reajuste será feito por faixas, sendo o maior percentual de cerca de 5%. Dilma se reuniu na sexta e no sábado, no Palácio da Alvorada, com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para discutir o assunto. A decisão de aumentar o benefício ocorre após o secretário do Tesouro, Otávio Ladeira, afirmar que não há espaço fiscal no Orçamento para a medida. É possível que também seja anunciada a correção das faixas do Imposto de Renda. O pacote de bondades será objeto do discurso que a presidente fará no palanque da Central Única dos Trabalhadores no Anhangabaú, onde estará ao lado do ex-presidente Lula e de ministros.
‘Não se está promovendo rombo’
Assessores da presidente reconhecem que o “dinheiro é curto”, e que, apesar disso, Dilma optou por um reajuste “significativo”. Segundo um auxiliar, a presidente tem ordenado aos ministros que reforcem marcas da área social do governo, sinalizando que não pode haver retrocessos. Fontes do Planalto afirmam que ela não promoverá, com o aumento, um rombo nas contas públicas, pois o impacto da medida será de no máximo R$ 1 bilhão. Com relação à correção do IR, ela só valeria para as declarações feitas em 2017.
— Não se está promovendo nenhum rombo, e sim uma reafirmação de prioridades — diz um auxiliar presidencial.
Na última sexta- feira, Barbosa foi perguntado sobre o Bolsa Família e disse que o aumento estava sendo estudado. Em março deste ano, 13,8 milhões de famílias receberam o Bolsa Família. O valor médio do benefício é de R$ 160,63 por família.
O grupo do vice-presidente Michel Temer temia que Dilma fizesse uma espécie de pacote-bomba, cuja conta tivesse de ser paga por um futuro governo. Segundo um interlocutor de Temer, essa preocupação era um dos motivos da pressa em votar no Senado a admissibilidade do processo de impeachment, o que levaria ao imediato afastamento da presidente.
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