Estevão Taiar – Valor Econômico
SÃO PAULO - O presidente interino Michel Temer deu sinais ontem de que já pensa no futuro da Câmara dos Deputados sem o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Temer disse que os deputados precisam solucionar "com a maior rapidez" possível qual a punição que caberá a Cunha. Mas sugeriu que, no caso de essa punição ser a perda da presidência, a base aliada se una em torno de um único candidato.
"Não vale a pena cindir a base", disse em entrevista à "Rádio Jovem Pan". "Tenho dito aos deputados: se vocês harmoniosamente e após diálogos e mais diálogos tiverem um candidato único, isso será útil para a Câmara, que revelará unidade, e também para o governo, para mostrar que a base está efetivamente unida." Ele reafirmou que a decisão a respeito do futuro de Cunha cabe apenas aos deputados, sem interferência do Executivo.
Enquanto a punição a Cunha não é decidida, Temer elogiou a disposição da base parlamentar para aprovar as reformas propostas nesses menos de dois meses de governo, como a aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU). O presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), no entanto, não escapou das críticas, mesmo que não tenha sido citado nominalmente.
"Apesar do afastamento do presidente Eduardo Cunha e das dificuldades e outros problemas na direção da Casa, os líderes da base aliada têm trabalhado por conta própria para aprovar as matérias", disse. "A base está disposta a partilhar com o Executivo a tentativa de tirar o país da crise. Temos um apoio muito significativo e expressivo no Congresso Nacional."
Mesmo assim, o presidente interino afirmou que tanto a articulação política quanto a recuperação econômica devem ficar mais fáceis a partir de agosto, no caso de que "acontecer o que se pode imaginar" - a aprovação definitiva do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. "A interinidade cria problemas e instabilidades. Não é impossível governar, mas depois de agosto as coisas ficam mais consolidadas. Poderei tomar mais providências do que aquelas que tomei até agora", disse.
Caso o impeachment de Dilma seja confirmado, Temer deve fazer um pronunciamento à nação a fim de mostrar que "não foi fácil [lidar com] aquilo que encontramos". O presidente interino também deve anunciar novas medidas, mas não explicou quais seriam. A reforma da Previdência, segundo ele, segue em discussão com centrais sindicais na Casa Civil.
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