- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O presidente interino Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (22) que o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "fez seu papel" ao pedir as prisões de líderes do PMDB e que "não vale a pena" pedir seu impeachment, como cogitou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
No começo do mês, o PGR pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal), as prisões de Renan, do senador Romero Jucá (PMDB-RR), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por suspeita de agir para atrapalhar a Operação Lava Jato.
"Acho que o procurador fez o papel dele –[embora] eu não saiba quais foram suas razões, possivelmente ele está motivado por depoimentos que tem em suas mãos. E o ministro Teori [Zavascki, do STF, que recusou os pedidos,] também fez o dele adequadamente. No instante que começamos a perceber que temos que obedecer e enaltecer a atividade das instituições estaremos aprimorando uma tentativa do que eu chamo de reconstitucionalizar o país", afirmou o peemedebista em entrevista à rádio Jovem Pan.
Temer também voltou a negar que haja um plano para impedir as investigações da PF e disse que não vê uma "disposição conspiratória" contra a operação no Congresso. Como tem feito, ele disse que apoia as investigações e que "jamais permitiria" que alguém do governo as atrapalhasse.
Nesse sentido, ele elogiou a atitude de seus ministros que saíram do governo após serem implicados pela Polícia Federal –tiveram "senso de colaboração", afirmou o peemedebista sobre Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência). Temer ainda disse que acha que nenhum outro ministro cairá por causa do escândalo da Petrobras.
Dívidas dos estados
O interino afirmou também que deve anunciar em breve um acordo sobre a dívida dos Estados com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), especialmente dos que financiaram obras para a Copa do Mundo de 2014.
Nesta semana, o Planalto anunciou a renegociação das dívidas estaduais com a União, mas a pendência com o banco estatal ficou de fora do anúncio.
Temer disse que a demora na negociação se deve a impedimentos jurídicos, mas que "lei depende de interpretação" e que os estudos para chegar a um acerto estão "avançados".
Congresso e Cunha
O presidente interino comemorou as recentes vitórias políticas de seu governo no Congresso, como a aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) e da lei de estatais, e disse que os parlamentares estão fazendo um bom trabalho, apesar de problemas como o afastamento de Eduardo Cunha e a atuação polêmica de seu interino Waldir Maranhão (PP-MA).
"Temos uma base muito consolidada no Senado, que há muito tempo não se via. Por exemplo, a DRU, que não era votada há mais de 11 meses, conseguimos aprovar em duas semanas; precisávamos de 308 votos e conseguimos 344", disse.
Sobre Cunha, Temer se limitou a dizer que essa "é uma questão que a Câmara tem que solucionar o mais rapidamente possível".
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