O MP quer a devolução de R$ 93 milhões que teriam sido pagos indevidamente ao consórcio do Maracanã. Segundo delator, houve propina.
MP cobra explicação sobre obra do Maracanã
• Auditorias do TCE concluíram que R$ 93 milhões foram pagos indevidamente
Juliana Castro - O Globo
O Ministério Público Especial que atua junto ao Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCERJ) quer saber se foram devolvidos os R$ 93 milhões pagos indevidamente ao consórcio que reformou o Maracanã, segundo concluíram duas auditorias feitas por técnicos do tribunal. O pedido do MP consta do parecer enviado ao conselheiro da Corte José Graciosa, relator do processo que analisa a reforma do estádio.
Como O GLOBO informou esta semana, 21 dos 22 processos relativos à reforma do estádio para a Copa de 2014 ainda não foram concluídos no tribunal. Alguns foram instaurados há seis anos. Após as obras entrarem no radar da Operação Lava-Jato, o TCE decidiu reunir todos os processos num só, a ser relatado por Graciosa.
O ex-executivo da Andrade Gutierrez Clóvis Renato Primo disse, em delação premiada, que houve um pedido de Wilson Carlos, então secretário de Governo da gestão Sergio Cabral, para pagamento de 1% do valor da obra do Maracanã em favor do TCE, como O GLOBO revelou ontem.
No processo a ser relatado por Graciosa estão relatórios de auditoria que constataram sobrepreço e inclusão indevida de itens na reforma. Por isso, foi pedido o estorno de R$ 93 milhões pagos ao consórcio, formado pela Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta. Essa última construtora deixou a obra durante seu andamento.
Primo afirmou que a propina seria destinada ao então presidente da Corte de Contas, José Nolasco. O ex-executivo da Andrade Gutierrez disse ter autorizado o pagamento, mas não tem certeza de que os recursos foram repassados. Nolasco nega as acusações.
A denúncia repercutiu na Assembleia Legislativa do Rio.
— Solicitaremos os processos em relação ao Maracanã no TCE para ver se cabe o pedido de uma CPI — disse o deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL).
Em nota, o TCE-RJ repeliu o que chamou de “levianas e caluniosas ilações” feitas por Primo e afirmou que, em momento algum, os processos sobre a obra no Maracanã ficaram paralisados. Segundo a corte, “a grande complexidade do empreendimento vem demandando altos estudos técnicos e jurídicos”.
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