• Presidente em exercício acelera cortes ao saber que é alvo de críticas na Esplanada
Carla Araújo e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente em exercício Michel Temer determinou que o processo de exonerações fosse acelerado na última semana após informações de que está sendo chamado de “golpista” dentro de alguns ministérios. Segundo interlocutores do presidente, além de desconfiar de “sabotagem”, Temer considerou “inaceitável” a existência de relatos de que integrantes de algumas pastas usavam salas de reunião oficiais para criticá-lo.
A ordem de Temer foi para que ocupantes de cargos de confiança, acima de DAS 3 (Direção e Assessoramento Superior), sem vínculo, nomeados anteriormente a sua posse, fossem desligados. O objetivo é tirar a “militância petista”.
Uma das primeiras medidas anunciadas por Temer quando assumiu o poder com o afastamento da presidente Dilma Rousseff foi justamente a previsão de eliminar 4.307 cargos em comissão, funções e gratificações e a transformação de outros 10.462 cargos comissionados de Direção e Assessoramento Superior (DAS) para servidores concursados.
A medida, que tinha como objetivo mostrar austeridade econômica, estava andando a passos lentos, mas, com a ordem de Temer, segundo uma fonte do Ministério do Planejamento, uma “grande fila já está pronta para sair e vai sair rápido”.
Na Casa Civil, comandada por Eliseu Padilha, segundo uma fonte, a estimativa é de que cerca de 100 cargos sejam extintos nos próximos dias. Na última semana foi publicada edição extra do Diário Oficial dando poderes a Padilha para promover mudanças nas pastas.
Cultura. Um dos relatos que mais teriam incomodado Temer veio do Ministério da Cultura. Segundo disseram ao presidente em exercício, uma servidora abria as reuniões de trabalho com a expressão “Primeiramente, fora Temer”. O mote é usado por apoiadores da presidente afastada Dilma Rousseff.
Nesta semana, a Cultura demitiu 81 funcionários. As exonerações geraram críticas entre representantes do setor, que demonstrou resistência ao governo Temer. O ministro Marcelo Calero saiu em defesa da medida, pediu “o fim do aparelhamento no MinC”.
Nesta sexta-feira, 30, no Rio, Calero foi direto ao falar sobre substituições em cargos de chefia. Segundo ele, “não existe pessoa vital”. “A gente tem que parar de ‘fulanizar’ as coisas, tem que mudar essa cultura no Brasil.”
Também na sexta-feira, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário anunciou exonerações de 33 ocupantes de cargos comissionados da pasta. O Ministério das Relações Exteriores já desligou 47 DAS. Dois dias depois das demissões do MinC, o Ministério da Saúde demitiu 73 ocupantes de cargos em comissão de áreas estratégicas da pasta.
No Planejamento, foram extintos 67 cargos DAS e 34 de Funções Gratificadas. Outros 441 DAS foram transformados em Funções Comissionadas do Poder Executivo, que terão os mesmos níveis dos DAS e somente poderão ser ocupadas por servidores com vínculo permanente.
Fontes ligadas a Temer afirma que o próximo alvo dos cortes será o Ministério da Educação, reduto do PT desde Lula.
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