• ‘Interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro’
- O Globo
Em entrevista a correspondentes estrangeiros, concedida ontem no Palácio do Planalto, o presidente interino, Michel Temer, afirmou que a aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff depende de uma avaliação política, e não jurídica. Apesar de afirmar que o governo não pode e não deve interferir no cronograma, Temer ressaltou que os senadores farão uma avaliação das “condições políticas” do governo.
— Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período — disse.
O presidente também demonstrou preocupação com o prazo de votação do impeachment de Dilma Rousseff pelo Senado. Temer chegou a afirmar que terá dificuldades de representar o Brasil no encontro do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, se o impedimento não for votado até lá.
Fim de impasse
O G20 vem sendo programado para ser a primeira grande viagem internacional de Temer, em uma estratégia para melhorar a imagem do Brasil no exterior depois do afastamento de Dilma, mas o presidente interino admitiu que pode desistir da viagem se a votação passar para meados de setembro.
— O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se o impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro.
Temer também afirmou que a demora em torno do impeachment é prejudicial para o país e atrasa a retomada do crescimento econômico:
— Dizem que quando terminar o processo do impeachment o investidor saberá com quem vai falar, e isso vai incentivar o investimento. Dizem que há muita gente aguardando exatamente o processo de agosto.
Temer disse que, para defender sua permanência, teria que fazer o “autoelogio” de seu governo, mas que a discrição não aconselharia — apesar de ressaltar várias vezes, durante a entrevista de cerca de uma hora, a boa relação que tem com o Congresso, algo que faltava à presidente afastada.
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