Marcos de Moura e Souza - Valor Econômico
BELO HORIZONTE - A disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte terá este ano um time de candidatos estreantes. Nenhum ainda fechou apoios que garantam bons espaços no rádio e na TV. As alianças das eleições passadas se desfizeram e o PT, PSDB, PSB, PMDB e algumas legendas menores tentam emplacar nomes próprios. Quem está mais avançado nas costuras é João Leite (PSDB), pré-candidato lançado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG). PP e DEM são dados como certos. Os três farão suas convenções no dia 28, na Assembleia Legislativa.
Com o PPS, os entendimentos então "muito adiantados", disse o deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais, Domingos Sávio. Há ainda, segundo ele, conversas avançadas com o PTB e o PRB e um diálogo em curso com o Solidariedade. "Se conseguirmos todos eles, a possibilidade é termos um dos melhores tempos de TV", disse Sávio.
João Leite tem a vantagem de já ser bastante conhecido na cidade. Foi goleiro da seleção brasileira e do Atlético Mineiro e está no sexto mandato como deputado estadual. Entre os principais pré-candidatos, é o único veterano na vida política. Numa pesquisa recente, apareceu em primeiro lugar nas intenções de votos - embora mais de 50% dos entrevistados ainda não saibam em quem votar.
Adversários gostam de lembrar que ele já foi derrotado nas eleições de 2000 e 2004 e afirmam que seu perfil de político um tanto tradicional - ele é evangélico - tende a não atrair o eleitor este ano.
O adversário tradicional dos tucanos, o PT, tem um cardápio mais restrito de opções. Pré-candidato, o deputado federal Reginaldo Lopes diz que prefere alianças com partidos e lideranças que não foram apoiaram o processo de impeachment na Câmara contra a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Ele espera fechar ao menos com o PDT e com o PCdoB. E diz que adesão desses e de outros, menores, poderia lhe dar cerca de 3 minutos diários no horário gratuito.
O PDT até agora faz jogo duro. O presidente da legenda em Minas, o deputado estadual Sargento Rodrigues, diz que está tudo pronto para que próprio seja candidato. A convenção do PT será no dia 30. A do PDT, 31.
Lopes tem como cartão de visita sua votação em 2014: foi o deputado mais votado de Minas e o deputado do PT mais votado do Brasil. Nunca disputou ou exerceu cargo executivo e espera atrair o eleitor com um discurso de rejeição à política tradicional. Diz que não terá marqueteiro, nem pesquisas qualitativas, nem militantes pagos; que se eleito não disputará a reeleição e que o PT deve desculpas pelos erros que cometeu.
A pouco mais de dois meses das eleições, o jogo na capital mineira está em aberto. O atual prefeito Marcio Lacerda (PSB) fez uma aposta ousada. Convenceu o executivo de uma empresa a abandonar a ser seu candidato. Paulo Brant, economista, presidente Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), nunca foi político. Vem trabalhando na pré-campanha e deixa a companhia no dia 31 para entrar de vez na disputa. É quem precisa de mais tempo de propaganda para se fazer conhecido.
"Nossa meta é ter entre 2 minutos e dois minutos e meio [em cada um dos blocos de 10 minutos do horário gratuito]", disse Lacerda ontem ao Valor. "Já temos quatro partidos conosco, o que nos garante um tempo razoável, mas não o suficiente ainda para a nossa meta. Continuamos conversando com outros e a definição pode se dar até o dia 5." Ele não diz quem já fechou com Brant nem as legendas que ainda tem em vista. Lacerda aposta que ele tem o perfil de um técnico não-político que agradará ao eleitor da cidade à medida que a campanha começar. Aliados há mais de uma década, o prefeito e Aécio não chegaram a um acordo para este pleito. E, até agora, caminham separados para a eleição.
O PMDB também desfez a sociedade com o PT de eleições anteriores e lançou como pré-candidato um advogado de 39 anos que nunca havia ocupado cargo público até se eleger deputado federal em 2014. Rodrigo Pacheco diz que já fechou com o PSC e espera um segundo aliado até o fim de semana. É também pouco conhecido, mas o PMDB, diz, tem sozinho o maior tempo entre todos os partidos.
O 'ousider' mais conhecido deste ano é um ex-cartola do futebol. Alexandre Kalil, 57 anos, pré-candidato pelo PHS, empolga alguns conhecedores da política mineira. Foi presidente do Atlético e tem cerca de 1 milhão de seguidores no Twitter. No PSDB, ele já é visto como um possível trunfo a favor de João Leite num segundo turno.
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