Folha de S. Paulo
A chance, ainda que remota, da volta de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto provoca paúra em muita gente no mercado financeiro e no Congresso Nacional.
Esse pavor parece ser a única explicação para a benevolência da turma com as medidas patrocinadas até o momento pelo governo Temer, que irão garantir mais alguns bilhões de gastos neste e nos próximos anos.
Imaginem qual seria a reação de agentes financeiros e políticos de oposição se a petista tivesse anunciado, enquanto estava sentada na cadeira de mandatária, que em vez de fechar o ano com alguns bilhões em caixa para segurar o avanço da dívida, teria um déficit de R$ 170 bilhões, seguido de outro rombo da mesma magnitude em 2017?
Tudo isso temperado com reajustes robustos nos salários de servidores e nos benefícios do Bolsa Família.
A chiadeira seria maior do que o barulho das panelas que animaram as varandas do país meses atrás.
Mas, como as medidas estão saindo do forno do novo governo ou recebendo apoio explícito dos atuais ocupantes do Planalto, muito pouca gente tem aparecido para reclamar.
Ainda assim, Temer está incomodado com as poucas contestações que ouviu. Nesta quinta-feira (30), o interino colocou três ministros para rebater o que ele considera um equívoco: dizer que a austeridade vendida em maio não é tão austera assim.
A defesa é simples. Os reajustes aprovados até agora estão em linha com o Orçamento e vão caber dentro da meta fiscal definida, mesmo o aumento do Bolsa Família, maior até do que o prometido por Dilma.
Esqueceram de dizer uma coisa: Tudo vai caber na conta de 2016 porque o rombo previsto é grandioso.
Quando Temer anunciou a nova meta fiscal, sua equipe fez questão de frisar que estava mostrando um retrato fiel do descalabro encontrado. A responsabilidade pelo buraco foi toda jogada nas contas de Dilma. Parte dessa vala, entretanto, não foi cavada pela petista.
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