sexta-feira, 1 de julho de 2016

Bases de PSDB, PSB e PPS resistem a acordo para sucessão de Cunha

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A tentativa de costurar um acordo para viabilizar uma renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao cargo de presidente da Câmara já enfrenta resistências nas bancadas de partidos como o PSDB, PSB e PPS.

Como mostrou reportagem publicada nesta quinta (30), Cunha afirmou que abriria mão do cargo se o Palácio do Planalto conseguisse unificar siglas que antes estavam na oposição em torno de um nome chancelado por ele para sucedê-lo.

Após uma série de reuniões, integrantes da cúpula do PSDB e de outras siglas decidiram que só dariam aval a qualquer tratativa nesse sentido se, em contrapartida, houvesse o compromisso do PMDB de apoiar um nome indicado pelo grupo comandado pelos tucanos na próxima eleição para o comando da Casa, em 2017.

A revelação da tese, no entanto, desencadeou uma reação contra qualquer tipo de aceno ou vinculação com o grupo de Cunha nas bases dessas legendas.

Em nota, o deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS, rechaçou a possibilidade da bancada do partido aceitar qualquer tipo de acordo com Cunha para que ele renuncie ao cargo.

"Não fomos procurados para tratar desse assunto, e se formos a resposta será um rotundo não", disse. Para ele, "apenas o afastamento [de Cunha] não é suficiente. Ele precisa ser cassado".

Cunha está afastado do mandado e da presidência da Câmara desde maio por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Se os políticos não entenderem o momento que o paí vive, teremos grandes problemas", afirmou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). Para ele, qualquer candidato á sucessão na Câmara deve estar "a léguas da Lava Jato" e não ser "subordinado ao Cunha".

Adversário político do peemedebista, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também assumiu articulação para barrar qualquer tipo de tratativa que represente uma trégua a Cunha. Ele avalia ainda que, se se envolver diretamente com o assunto, o presidente interino, Michel Temer, corre o risco de sair chamuscado. "Essa articulação, entre os que querem ajudar o país, não prospera", disse Delgado.

"Temer não deve entrar nisso dessa forma. Esse jogo vai ter reação mais pesada se for colocado nesses termos", concluiu.

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