Por Thiago Resende e Vandson Lima | Valor Econômico
BRASÍLIA - Enquanto a base aliada do presidente interino Michel Temer diz que a carta da presidente afastada Dilma Rousseff divulgada nesta terça-feira “veio tarde”, senadores alinhados à petista acreditam que a manifestação ainda pode ter efeito na votação no processo de impeachment, pois a proposta de plebiscito sobre antecipar eleições seria a melhor solução diante do impasse político.
“Esse governo Temer não se sustenta. Tem delação e mais delação. A crise tende a se agravar. Dilma não vai fazer pacto para acabar com as investigações [da Operação Lava-Jato]”, defendeu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Para Humberto Costa (PT-PE), ex-líder do governo Dilma no Senado, o plebiscito é o melhor caminho, pois a população se manifestaria se deve ou não haver antecipação de eleição, permitindo governabilidade após a decisão. Ele acredita que 60% dos brasileiros apoiam a ideia de antecipar a eleição. “Esse programa do Temer não passa nas urnas. Por isso que eles não querem”, disse.
Líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO) avalia que Dilma quer criar um “factoide”. Criticou que, durante sua gestão no Palácio do Planalto, a petista não cogitou propor o plebiscito e apenas apresentou a ideia “diante do fato consumado” de ser afastada definitivamente. “Ela se calou e jamais admitiu essa tese quando milhões de pessoas foram às ruas protestar”, acrescentou. Caiado também citou que Dilma não soube admitir erros e que foi a responsável pela crise no país.
Líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB) avaliou que a carta foi apresentada “fora do prazo”. “Ela já teve a chance de dialogar com a sociedade e com o Congresso. Não o fez. O Senado caminha para o afastamento definitivo. O processo prova que crimes foram praticados”, disse.
Humberto Costa nega. “O governo interino não tem apoio da sociedade. Temos até o momento da votação para fazer isso e para mudar votos. Estamos mostrando que não houve crime de responsabilidade”, declarou o petista.
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