O juiz Sérgio Moro ordenou que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, volte à cadeia após cinco meses em prisão domiciliar para tratamento de saúde. Para Moro, a situação se agravou após Bumlai ser denunciado à Justiça por participar do plano de fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Ele terá de se apresentar no dia 23.
Moro suspende prisão domiciliar e manda Bumlai voltar à cadeia
- Após tratamento contra um câncer, pecuarista passará por exames
Cleide Carvalho - O Globo
-SÃO PAULO- Após cinco meses em prisão domiciliar, para tratamento de saúde, o pecuarista José Carlos Bumlai vai voltar a cumprir pena preventiva em Curitiba por determinação do juiz Sérgio Moro. Em decisão tomada anteontem, o juiz considerou que a situação processual do amigo do ex-presidente Lula se agravou com a denúncia de obstrução da Justiça feita pela Procuradoria-Geral da República, aceita pela 10ª Vara Federal de Brasília. Nela, o pecuarista é acusado de ter participado, junto com o ex-senador Delcídio Amaral, de um plano para facilitar a fuga do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Moro determinou que Bumlai se apresente à Polícia Federal em Curitiba no próximo dia 23, para que, até lá, os advogados possam providenciar a continuidade do tratamento médico e eventuais exames.
“Além da tipificação, o fato caracteriza interferência indevida nas investigações, um caso clássico de risco à investigação ou à instrução, a autorizar a prisão preventiva”, afirmou Moro, acrescentando que o risco à investigação prossegue porque Bumlai é investigado por envolvimento em outros episódios.
Após a apresentação, a tornozeleira eletrônica deverá ser retirada. O juiz lembrou que ele foi delatado por Fernando Soares, o Baiano, que citou o pecuarista como intermediador de negócios para a Sete Brasil e a Petrobras, e que está também envolvido nas investigações sobre reformas e benfeitorias no sítio de Atibaia, usado por Lula. Bumlai teria se responsabilizado por parte da reforma da propriedade.
Tumor na bexiga
Bumlai teve direito à prisão domiciliar para tratamento de um câncer na bexiga e, no período em que passou em casa, também foi submetido a procedimento cardíaco. Moro afirma na decisão que o tumor foi retirado e o tratamento por medicamentos já foi interrompido. O programa de reabilitação cardíaca, segundo ele, pode ser feito no Complexo Médico Penal de Curitiba, onde ele já estava recolhido antes: “uma hora de exercícios, três vezes por semana, com monitoramento, trata-se igualmente de procedimento pós-operatório, sem maior complexidade ou riscos ao acusado”.
Na semana passada, a forçatarefa da Lava-Jato encaminhou um ofício a Moro pedindo o retorno dele à prisão e uma perícia médica. Os investigadores desconfiavam do real estado de saúde dele.
Os advogados de Bumlai informaram que vão pedir um habeas corpus para que ele permaneça em prisão domiciliar, em razão do estado de saúde, que continua delicado. Além disso, afirmam que a prisão preventiva é desnecessária, pois Bumlai foi monitorado em tempo integral durante o período em que permaneceu em casa, não desobedeceu às regras e segue com a postura de colaborar com a Justiça.
— Ele continua a comparecer a todos os atos para os quais é chamado, sempre esclarecendo os fatos e, inclusive, prestando informações relevantes à investigação. Não há qualquer indicativo de que ele possa criar obstáculo às investigações ou à aplicação da lei penal — afirma o advogado Conrado Almeida Prado.
Na decisão, Moro afirmou que a confissão parcial “não afasta a necessidade de manutenção da prisão cautelar, pois em relação aos demais fatos ainda subsistem os riscos à sociedade e ao processo”.
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