Por Raymundo Costa – Valor Econômico
BRASÍLIA - A campanha municipal, até agora, diz pouco sobre o impacto que terá na sucessão presidencial de 2018, mas reforça a tendência à fragmentação partidária verificada nas últimas eleições. Nunca tantas siglas disputaram as prefeituras dos mais de 5 mil municípios brasileiros. Os 35 partidos com registro no TSE disputam as eleições. Nas 26 capitais, 15 diferentes agremiações lideram, segundo as pesquisas.
A profusão de siglas embaralha a disputa nacional. Não há um vencedor, mas o perdedor já parece claro: o PT. Em 2012, o Partido dos Trabalhadores elegeu quatro prefeitos de capital, entre eles o de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. No momento, a legenda lidera somente em Rio Branco. Outra força que a eleição de 2012 balizou para 2014 foi o PSB de Eduardo Campos, que elegeu uma centena de prefeitos a mais que na disputa anterior, entre os quais os de cinco capitais.
Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) está em quarto lugar nas pesquisas. Perde inclusive para o percentual de votos em branco e nulos, segundo as pesquisas. Os candidatos do partido perdem terreno mesmo nas capitais onde começaram a disputa com algum fôlego, como Recife e Porto Alegre. Resultado da conjuntura política que o tirou do poder depois de 13 anos, o PT é a grande sigla em maior dificuldade nessas eleições, mas outras legendas tradicionais também não têm muito o que comemorar.
Em São Paulo e Belo Horizonte joga-se o futuro de um dos grandes partidos, o PSDB, que rivaliza na cena nacional com o PT desde 1994. A eventual eleição de João Dória, hoje terceiro nas pesquisas, reforça a posição do governador Geraldo Alckmin. Com João Leite (leia mais abaixo), candidato que lidera em Belo Horizonte, o senador tucano Aécio Neves tenta recompor suas bases no Estado, onde perdeu para Dilma em 2014.
Há mais em jogo na eleição paulistana. O presidente Michel Temer bancou a candidatura da senadora Marta Suplicy pelo PMDB. Oriunda do PT, Marta atualmente ocupa a segunda posição nas pesquisas e sua eventual vitória engrossaria o coro dos partidários de Temer favoráveis à reeleição do presidente.
Pulverização marca eleição municipal
Comparada aos dias quentes do impeachment, a campanha municipal é morna, até agora diz pouco ou quase nada sobre o impacto que terá na sucessão presidencial de 2018, mas reforça a tendência à fragmentação partidária verificada nas últimas eleições. Nunca antes, no atual ciclo democrático, tantas siglas disputaram as prefeituras nos 5.568 municípios brasileiros. Os 35 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concorrem com candidato próprio nas 26 capitais - e 15 diferentes siglas lideram no momento a corrida, segundo as pesquisas de opinião.
A profusão de siglas embaralha a disputa nacional. Ainda não há vencedor claro, mas já há perdedor: o PT. Em 2002, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emergiu como o grande vencedor das eleições. O Partido dos Trabalhadores elegeu quatro prefeitos de capital, entre eles Fernando Haddad, em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país - uma aposta pessoal de Lula. Outra força que a eleição de 2012 balizou para 2014 foi o PSB de Eduardo Campos, que elegeu 100 prefeitos a mais que na disputa anterior de 2008, entre os quais os de cinco capitais. No momento, o PT lidera em Rio Branco (AC).
Em São Paulo, o prefeito Haddad amarga um quarto lugar nas pesquisas. Perde para o percentual de votos brancos e nulos, segundo as pesquisas. Os candidatos do PT perdem mesmo nas capitais onde começaram a disputa com algum fôlego, como Recife (PE) e Porto Alegre (RS). Resultado da conjuntura política que o apeou do poder depois de 13 anos, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT, entre as grandes siglas, é a que enfrenta mais dificuldades nessas eleições, mas outras legendas tradicionais não têm muito para comemorar. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, duas caixas de ressonância eleitoral, por exemplo, é o PRB quem lidera a disputa.
Em São Paulo e Minas Gerais joga-se o futuro de um dos grandes partidos, o PSDB, que rivaliza a cena nacional com o PT desde 1994, com duas eleições presidenciais vencidas pelos tucanos e quatro pelos petistas. A eleição de João Doria, atualmente em terceiro na corrida, reforça a posição do governador Geraldo Alckmin, já em disputa aberta com o senador Aécio Neves (MG) pela indicação do PSDB à Presidência. Com João Leite, candidato que lidera em Belo Horizonte, o senador tucano tenta recompor suas bases em Minas Gerais, onde em 2014 perdeu para Dilma. O PSDB é líder em quatro capitais e apenas um grande colégio eleitoral - Belo Horizonte.
Há mais em jogo na eleição paulistana. O presidente Michel Temer foi quem bancou a candidatura da senadora Marta Suplicy pelo PMDB. Oriunda do PT, Marta atualmente ocupa a segunda posição, de acordo com as pesquisas, e sua eventual vitória deve engrossar o coro dos partidários de Temer favoráveis à reeleição do presidente. Embora o próprio Temer diga que não será candidato à reeleição, essa é uma possibilidade real no leque de alternativas consideradas pelo grupo mais próximo do presidente. O chanceler José Serra, atualmente no PSDB, é uma hipótese remota. O PMDB lidera em três capitais, mas nenhum grande colégio.
Grande vitorioso das eleições de 2012, quando elegeu os prefeitos de cinco capitais, o PSB desponta como favorito em duas, entre as quais Recife, cidade a partir da qual se expandiu sob a liderança de Eduardo Campos. PDT e Psol são os partidos que tentam se beneficiar do fracasso anunciado do PT. O PDT lidera, segundo as pesquisas divulgadas até ontem, em três capitais, enquanto o Psol tem boas chances em Belém (PA), Cuiabá (MT) e disputa com dignidade em Porto Alegre. O Psol tem 24 candidatos nas capitais, contra 19 do PT; o PDT está em nove.
O Rede, partido da ex-senadora Marina Silva, outro nome considerado certo na cédula presidencial de 2018, lançou candidatos em 10 capitais. Até agora, lidera apenas em Macapá.
Há quatro anos, 29 partidos lançaram candidatos e 11 elegeram prefeitos de capitais. A tendência da fragmentação já era visível, mas se acentuou desde 2012. Havia a expectativa de que a falta de financiamento privado pudesse inibir as legendas de aluguel, o que não se confirmou agora em 2016. "É uma demonstração da degradação do sistema partidário", diz Murilo Aragão, da Arko Advice, empresa de consultoria política sediada em Brasília. Na avaliação de Aragão é inevitável uma correção de curso, seja pelo Congresso ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - em discussão a adoção da cláusula de barreira e o fim da coligação nas eleições proporcionais, duas das principais causas da proliferação partidária.
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