• Presidente diz nos EUA que empresários não devem ‘titubear’ e investir no Brasil, especialmente nos projetos de infraestrutura
Cláudia Trevisan Altamiro Silva Junior – O Estado de S. Paulo
NOVA YORK - Efetivado no cargo há 22 dias, o presidente Michel Temer disse ontem que o Brasil vive um momento de “estabilidade política extraordinária”, depois de passar por um “brevíssimo período” de turbulência. Falando a uma plateia de empresários e executivos reunidos em Nova York, Temer pediu que eles não “titubeiem” e invistam no Brasil, especialmente nos projetos de infraestrutura anunciados por seu governo.
O presidente insistiu que sua administração tem apoio suficiente no Congresso para aprovar o teto de aumento de gastos públicos, as mudanças na legislação trabalhista e uma “radical” reforma da Previdência. Temer disse que a estabilidade política gera segurança jurídica, um dos requisitos para a realização de investimentos.
“Nós temos alardeado que, lá no Brasil, o que for contratado será cumprido”, afirmou em evento promovido pela Americas Society/Council of the Americas. “No Brasil hoje nós temos estabilidade política extraordinária por causa da relação muito adequada entre o Executivo e o Legislativo.”
Antes do discurso a cerca de 300 empresários, investidores e analistas de mercado, Temer teve uma reunião fechada com 35 presidentes de grandes empresas americanas com investimentos no Brasil. “Quando eu venho aqui, eu venho para convidá-los. Convidá-los a participar desta nova fase de crescimento do País, ancorados primeiro na ideia de estabilidade política, que já se estabeleceu. Segundo, na segurança jurídica de todas as contratações e, terceiro, no potencial do mercado brasileiro”, declarou Temer.
Sergio Amaral, embaixador do Brasil nos EUA, disse que os empresários elogiaram as propostas de reformas e ressaltaram que já há um processo de retomada da confiança no país. Segundo ele, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, disse que a instituição está disposta a financiar obras do programa de infraestrutura do governo.
Segundo o embaixador, nenhum dos participantes do encontro fez perguntas sobre a questão política ou o processo de impeachment. Muitas das preocupações manifestadas pelos empresários são antigas, entre as quais excesso de burocracia, a complexidade do sistema tributário e a falta de flexibilidade da legislação trabalhista.
Petróleo. O representante da Chevron fez perguntas sobre a interferência política no setor de óleo e gás e a presença do Estado na economia. Temer afirmou que haverá respeito a regras de mercado e gestão profissional e não política das estatais, o que já estaria demonstrado no caso da Petrobrás.
O “novo Brasil” apresentado pelo presidente é amigável ao mercado e à iniciativa privada. O presidente observou que a parceria entre empresas privadas e o poder público para realização de investimentos é prevista na Constituição.
Em um sinal de que a sociedade brasileira está menos pacificada do que sugeriu o presidente, grupos protestavam em frente ao hotel em que o evento foi realizado – tanto a favor como contra o governo. Entre eles, estavam funcionários do Ministério das Relações Exteriores, que estão em greve desde agosto.
O presidente afirmou que a proposta de emenda constitucional que estabelece um limite para o crescimento dos gastos públicos será votada até o fim do ano. Como sinal de apoio à medida, ele relatou ter recebido telefonemas de três líderes partidários que haviam decidido fechar questão em torno do tema.
“Fechar questão significa que nenhum deputado ou senador poderá votar contrariamente aquela matéria. Temos apoio significativo no Congresso”, afirmou aos investidores.
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