terça-feira, 22 de novembro de 2016

Empresários veem 2017 como ano de incertezas

• Membros do ‘Conselhão’ defendem mais medidas para destravar o crescimento

Luisa Martins, Idiana Tomazelli, Lorenna Rodrigues, André Borges, Carla Araújo e Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A saída da recessão em 2017 é ainda incerta entre os representantes do setor privado que participaram ontem do primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no governo Michel Temer. Nomes importantes do empresariado indicam que o grande desafio no próximo ano é impedir que recessão deteriore ainda mais a atividade econômica.

Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF e sócio do Carrefour, não escondeu o pessimismo e descarta a retomada do crescimento no curto prazo. “A previsão é muito ruim. Não podemos imaginar que vamos chegar a 2017 com crescimento”, disse o empresário durante a reunião no Palácio do Planalto.

Apesar de ser investidor em duas grandes empresas ligadas ao varejo, Diniz defendeu o investimento em infraestrutura, com o argumento de que não é mais possível “fazer crescimento” com base no consumo. O empresário apoia a realização de reformas estruturantes, em especial a necessidade de destravar investimentos em infraestrutura e de unificar as alíquotas do ICMS, com o fim da guerra fiscal entre os Estados.

Com muitas incertezas à frente, a presidente da Latam Brasil, Claudia Sender, disse que o debate econômico não deveria estar focado na velocidade da retomada, e sim na sustentabilidade desse movimento. Para a executiva, o principal desafio para o próximo ano “é colocar a recessão para trás”. “Precisamos acabar com este ciclo vicioso de pessimismo”, afirmou, ao defender que “medidas impopulares devem ser tomadas de forma mais rápida”.

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, ressaltou que indicadores recentes “sinalizam que o pior está ficando para trás”, já que o nível de confiança reagiu recentemente. Mas o executivo reconheceu que a eleição nos Estados Unidos influencia o cenário e reduz, por exemplo, o espaço para o corte de juros no Brasil.

“É evidente que a gente vai enfrentar 2017 com um grande desafio, que é o desafio do crescimento. E encontrar os motores do crescimento acho que é o grande desafio que a sociedade tem com o governo para encontrar a retomada. Porque, sem a retomada através do investimento privado, a gente não vai ter um ciclo de geração de emprego”, afirmou.

Reformas. Para acabar com as incertezas e recolocar a economia na trajetória de crescimento, o receituário é sempre o mesmo: reformas. O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, avaliou que o crescimento econômico acima de 2% ao ano no Brasil só será possível se três reformas forem realizadas: trabalhista, das regras de intermediação financeira e a política.

A mesma estratégia foi defendida pelo presidente da Federa- ção das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. “Em outubro, houve um sinal de retomada. Em novembro, freou. Mas as reformas estruturais do País previstas para serem aprovadas em 2017 podem reverter este quadro.” /

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