Carla Araújo, Idiana Tomazelli, Lorenna Rodrigues e Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A uma plateia cheia de empresários, o presidente Michel Temer fez ontem o seu mais longo discurso (42 minutos) desde que assumiu e responsabilizou as tentativas de “disfarçar a realidade” pela atual crise econômica.
“No Brasil que nós encontramos não havia apenas um déficit fiscal, havia também – e lamento dizê-lo – também um certo déficit de verdade. E não é possível continuar assim”, discursou, na abertura da 45.ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.
O presidente disse não ter dúvidas de que a “gigantesca crise” que herdou é, em parte, consequência das tentativas do governo anterior de “disfarçar a realidade”. “É preciso encarar os fatos como eles são”, afirmou. Temer disse ainda que removeu o “manto da chamada contabilidade criativa”.
O presidente pediu ajuda dos integrantes do Conselhão para fazerem propaganda positiva do governo e pediu um “maior engajamento” para que o País consiga sair da crise. Segundo ele, para “vencer a recessão”, é preciso seguir em frente com uma agenda de reformas que não é fácil e soluções que demandam tempo.
Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reforçaram em suas falas a necessidade de aprovação da PEC do Teto. Sobre a reforma da Previdência, o presidente prometeu enviá-la ao Congresso em dezembro, com uma proposta para tornar o sistema “sustentável e justo”.
A menos de dez dias da votação da PEC do Teto no Senado, Meirelles defendeu que o governo tenha “foco” na contenção de despesas, mas disse ser preciso outras ações. “São necessárias medidas adicionais, como maior engajamento do setor privado no desenvolvimento do País”.
Meirelles disse que o Brasil vive um problema estrutural e chamou atenção para eliminar o crescimento “insustentável” da despesa. Ele ressaltou a dificuldade de se conter a expansão do gasto e lembrou que, apesar de o Plano Real ter trazido estabilidade, faltou institucionaliza- ção da disciplina fiscal. “No momento em que controlamos despesas, estamos deixando mais recursos na mão da sociedade”.
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