- Folha de S. Paulo
A Igreja Católica prega "doutrinas demoníacas". As religiões orientais abrigam "espíritos imundos". As tradições africanas permitem "toda sorte de comportamento imoral, até mesmo com crianças". A mulher cristã que se casa com um hindu está sujeita a ser "possuída por espíritos".
A coleção de insultos e preconceitos está no livro "Evangelizando a África". O autor é o senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal e líder na corrida à Prefeitura do Rio.
A duas semanas da eleição, o candidato do PRB passou a ser confrontado com os disparates que escreveu. Em outras passagens do livro, reproduzidas no domingo (16) pelo jornal "O Globo", ele definiu a homossexualidade como uma "conduta maligna" e um "terrível mal".
Procurado, Crivella disse ter escrito numa época em que era "um jovem missionário, cujo zelo imaturo da fé levou a cometer esse lamentável erro". Quando suas ideias foram publicadas, ele já tinha 42 anos.
Na mesma nota, o senador disse ser um "intransigente defensor da tolerância, da igualdade e da dignidade da pessoa humana". "Amo os católicos, espíritas, evangélicos e a todos", afirmou, após citar um trecho do Evangelho de Lucas.
O carioca que conhece a Bíblia pode ter se lembrado de outra passagem, de Mateus, que pede cuidado com os "falsos profetas" e os descreve como lobos em pele de cordeiro.
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O candidato do PSOL, Marcelo Freixo, também está sendo obrigado a explicar declarações do passado. A propaganda de Crivella resgatou um vídeo em que ele evita criticar a violência dos black blocs.
"Vários movimentos têm vários métodos distintos. Não sou juiz para ficar avaliando os métodos", disse, nos protestos de 2013. Após a morte do cinegrafista Santiago Andrade, o deputado mudou de tom. "Sou totalmente contra a violência, como método e como princípio", escreveu.
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