Por Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - Em um dia que representou uma espécie de relargada na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), prometeu ir ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso Rodrigo Maia (DEM-RJ), seja reconduzido ao cargo na eleição marcada para 2 de fevereiro.
Jovair é um dos candidatos pelo chamado Centrão - grupo de partidos pequenos e médios que detém, em conjunto, mais de 200 deputados. Ele reuniu-se ontem em seu apartamento funcional em Brasília com cerca de 15 deles para, em suas palavras, articular uma "estratégia global de campanha". Líder do governo, André Moura (PSC-SE) também compareceu.
No encontro ficou definido que Jovair lançará oficialmente sua candidatura no próximo dia 10. Os presentes acertaram também fazer uma "vaquinha" para custear a campanha do deputado goiano - o valor não foi divulgado.
Jovair interrompeu a reunião para falar com jornalistas, que o questionaram sobre que medida tomaria caso Maia fosse reeleito.
"Não vai ficar bem para a sociedade brasileira ver que o presidente está sub judice. Porque nós vamos judicializar. Vai ser judicializado esse processo", respondeu.
Maia tem a candidatura contestada por rivais porque o regimento da Câmara não permite a reeleição do presidente em uma mesma legislatura. Mas ele alega que pode concorrer por estar cumprindo um mandato "tampão" - foi eleito em julho, após o então presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renunciar ao cargo.
Já há duas ações em tramitação no Supremo contra a candidatura de Maia - uma delas impetrada pelo SD, um dos partidos do Centrão, e a outra por André Figueiredo (PDT-CE), que pretende ser o candidato da oposição ao governo de Michel Temer.
Anteontem, o presidente da Câmara criticou os adversários que recorrem ao STF contra sua candidatura e disse crer que o Supremo não iria "interferir" no resultado da eleição.
Maia almoçou ontem com os deputados José Carlos Aleluia, Elmar Nascimento e Paulo Azi, todos do DEM baiano. Benito Gama (PTB-BA) participou do almoço. Horas depois, Gama chegou ao apartamento de Jovair dizendo considerar que "todas as candidaturas são legítimas". Questionado sobre se apoia a candidatura de Jovair, limitou-se a dizer: "Ele é do meu partido".
Outro candidato do Centrão, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), encontrou uma maneira inusitada de promover sua campanha. Ele iniciou no fim da tarde de ontem uma pedalada de 230 km entre Brasília e a cidade goiana de Trindade. "Vou para me preparar espiritualmente para a campanha", disse ele. "Vou telefonando para deputados de Goiás e outros no caminho."
A jornada tem 230 km e representa um recorde pessoal para Rosso, que tem 48 anos e diz pedalar todos os dias há cinco anos. Segundo ele, a maior distância que já havia percorrido sobre por esse meio era de 150 km. A jornada de bicicleta entre a capital e Trindade, um famoso destino de romeiros em Goiás, dura cerca de 13 horas.
Nos próximos Rosso, fará uma peregrinação pelo Nordeste. Sua agenda inclui compromissos no Ceará, em Pernambuco e na Paraíba - mas, ao menos por enquanto, nenhuma pedalada.
Rosso também desafiou o presidente da Câmara e os rivais para realizar um debate na TV - o que Jovair prontamente aceitou.
O pedetista André Figueiredo, por sua vez, permanece no Ceará e só pretende voltar a Brasília na semana que vem. Ao Valor, disse que já conversou sobre sua candidatura com deputados de PT, PDT, Rede, Psol e PCdoB na última semana de 2015. Figueiredo aguarda com expectativa a decisão da bancada do PT, que deve decidir no próximo dia 17 que candidatura apoiar ou se lança candidato próprio.
Uma vez acertado o apoio dos partidos de oposição, sua estratégia será conversar com os governadores ligados a essas legendas.
Ele disse apostar também na "insatisfação" de alguns deputados com uma suposta subserviência da Câmara ao Palácio do Planalto desde que o presidente Michel Temer assumiu o poder. "A Câmara virou uma espécie de carimbador de projetos oriundos da Presidência", afirmou.
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