- Folha de S. Paulo
Faltando poucas horas para 2016 acabar, o ministro Henrique Meirelles falou grosso com os governadores que há meses batem à porta da Fazenda em busca de socorro financeiro. "A União não criou os problemas dos Estados", disse. "Não se deve criar a ilusão de que tudo depende da ajuda federal."
Com a chegada de 2017, a determinação de Meirelles será posta à prova. O presidente Michel Temer promete apresentar ao Congresso até fevereiro um novo programa de recuperação para Estados falidos, que os ajude a empurrar as dívidas com a barriga enquanto se submetem a regime forçado para reduzir a cintura.
A primeira versão do programa foi barrada na Câmara dos Deputados, onde a maioria governista considerou excessivas as condições da Fazenda para ajudar os Estados. Temer vetou o projeto que saiu da Câmara e mandou Meirelles buscar outra solução.
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul chegaram ao ano novo com salários atrasados, dívidas com fornecedores e a obrigação de voltar a honrar seus compromissos com a União, esgotados os seis meses de carência que ganharam quando começou a discussão da renegociação das dívidas de Estados e municípios.
As dificuldades para controlar despesas nos Estados ficaram mais evidentes nesse período, como a Folha mostrou no sábado (31). Medidas de ajuste naufragaram na Assembleia Legislativa do Rio. O Rio Grande do Sul aumentou a contribuição previdenciária dos servidores, mas outras propostas encontraram oposição. Em Minas Gerais, houve apenas medidas tímidas de enxugamento da máquina administrativa.
Mesmo sem ter culpa por essa situação, o governo tem a responsabilidade de achar uma saída. Sem imposição de cima, será mais difícil arrumar as contas dos Estados. Na primeira vez que a Câmara rejeitou as exigências do governo, em agosto, Meirelles fez como se não fosse com ele. Com três Estados à beira do precipício, essa opção deixou de existir.
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