• Rodrigo Maia vai priorizar partidos de bloco que o apoia
Júnia Gama | O Globo
-BRASÍLIA- Sem declarar apoio oficial à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, o PT, que tem a segunda maior bancada na Casa, deve ficar de fora da distribuição dos cargos de comando na Mesa Diretora. Isto porque Maia, favorito ao cargo, já definiu que será formado um bloco parlamentar com os partidos que apoiam sua reeleição. Com isto, mesmo que sejam numericamente menores que o PT, que tem 58 deputados, essas legendas terão preferência na escolha das vagas.
Segundo aliados de Maia, ele já assumiu o compromisso de formar o bloco para privilegiar seus apoiadores:
— Vai ter bloco. Não é uma questão minha, é uma exigência dos partidos que me apoiam — disse o presidente da Câmara a interlocutores.
O PT ainda pressiona para que a regra adotada seja a da proporcionalidade, sem a formação de blocos de apoio. Se esta hipótese fosse levada adiante, o PT poderia ficar com a primeira secretaria da Câmara. O órgão tem, entre suas funções, ratificar as despesas da Casa, cuidar de questões administrativas e encaminhar indicações e requerimento de informação a ministros.
Mas a primeira secretaria foi pedida pelo PR a Maia, já que o partido foi um dos primeiros do centrão a apoiar a recondução do atual presidente. E, para o líder do PR, Aelton Freitas (MG), não há volta atrás na negociação.
Nos cálculos do líder do PT, Carlos Zarattini (SP), caso a regra não seja a proporcionalidade dos partidos, e sim dos blocos, os petistas podem ficar de fora da Mesa Diretora, ainda que apoiem Maia.
— Dentro do bloco, mesmo que Rodrigo nos assegure o lugar na Mesa, se depois qualquer deputado de outro partido (do grupo) disputar conosco em uma candidatura avulsa, podemos ficar de fora. Então, não há como garantir essa presença do PT na Mesa — afirmou.
Diante desta situação, cresce no PT o sentimento de que é melhor estar contra a candidatura de Maia, que tem o apoio velado do governo Michel Temer, fortalecendo, assim, o discurso oposicionista. Outra hipótese que surge é de lançamento de candidatura própria no partido, que seria o segundo nome da oposição a se apresentar para o pleito, depois de André Figueiredo (PDT-CE). Esta alternativa, no entanto, é vista com pouco otimismo por Zarattini:
— Não seria nem partir para o tudo ou nada; seria partir para o nada mesmo — diz.
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