• Marqueteiro teria revelado à Lava Jato que recebeu do Palácio do Planalto recado sobre sua prisão
- O Estado de S. Paulo
Em suas negociações para fechar um acordo de delação premiada, o marqueteiro João Santana teria dito que recebeu recados da então presidente Dilma Rousseff de que seria preso pela Operação Lava Jato. A informação consta de reportagens publicadas pela revista Veja e pelo jornal Folha de S. Paulo neste fim de semana.
Nenhuma das reportagens afirma, porém, que o aviso teria partido da própria Dilma. Segundo a Folha, Santana teria atribuído o recado a um aliado da então presidente. Já a Veja afirma que o marqueteiro disse a interlocutores não saber se o alerta foi redigido por Dilma ou um assessor dela. Ele teria confirmado, porém, que a fonte do alerta seria o Palácio do Planalto.
Procurada, a assessoria de imprensa da ex-presidente informou que ela não pretende comentar as reportagens. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo considerou a notícia “absurda”. “É absolutamente inverossímil que a presidenta tenha dado qualquer aviso desses até porque nem ela e nem eu tínhamos essas informações privilegiadas sobre operações da Polícia Federal”, afirmou.
Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram responsáveis pelas campanhas presidenciais de Lula, em 2006 e de Dilma, em 2010 e 2014. Eles são investigados por suposto recebimento de dinheiro da empreiteira Odebrecht na Suíça. O casal foi preso em fevereiro de 2016 n a Operação Acarajé, 23.ª fase da Lava Jato. Na época, estavam na República Dominicana, trabalhando na campanha presidencial daquele país. Eles voltaram ao Brasil e se entregaram à Polícia Federal.
O casal ficou preso até agosto, quando pagou fiança de cerca de R$ 31 milhões e deixou carceragem da PF em Curitiba. Nesta época, seus advogados deram início a negociações com os promotores da Lava Jato para viabilizar uma delação premiada, na qual contariam o que sabem sobre o envolvimento de terceiros em atividades criminosas em troca de benefícios no cumprimento de eventual pena.
As negociações, porém, não prosperaram, já que a Lava Jato obteve informações sobre pagamentos irregulares a Santana no exterior por outras fontes. As menções ao suposto recado do Planalto teriam sido feitas para convencer os procuradores de que o casal tem informa- ções ainda inéditas a revelar.
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