• Sem empréstimos, governo teria dificuldade para votar venda da Cedae
Carina Bacelar, Rafael Galdo | O Globo
Os pareceres contrários à concessão de uma liminar do STF em favor do governo do estado surpreenderam o Palácio Guanabara. Segundo uma fonte que integra o alto escalão do Executivo, o governador Luiz Fernando Pezão ficou decepcionado porque estava “muito otimista” em relação à decisão do Supremo:
— O governo federal havia incentivado o estado a entrar com o pedido liminar. O Michel (Temer) chegou a dizer que era uma “excelente ideia”. Foi uma traição enorme.
Procurado, Pezão não fez comentários sobre os pareceres da Caixa, do Banco do Brasil, da AGU e da Procuradoria-Geral da União. Disse apenas que está “tudo tranquilo”, porque haverá audiência de conciliação na segunda-feira. Com as notícias de que os bancos estatais não estavam dispostos a emprestar dinheiro ao estado, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa (Alerj) e até alguns governistas admitem que a discussão sobre o projeto de lei que autoriza a venda da Cedae, marcada para amanhã, pode ser adiada mais uma vez. A sessão estava prevista inicialmente para ontem e, mesmo sem votação na Alerj, houve protesto de servidores da estatal na porta da Casa. Eles fecharam as avenidas Primeiro de Março e Presidente Vargas, e prometem organizar outros atos.
— Se os bancos não derem o empréstimo, não tem discussão sobre a Cedae. Ela morre — disse Milton Rangel, líder do DEM e um dos 40 deputados até agora favoráveis ao projeto que autoriza a venda da empresa.
Para Bruno Dauaire, líder do PR que votará a favor da privatização da Cedae (apesar de o deputado ser contrário ao projeto), os pareceres são um fato novo, que podem embaralhar ainda mais a votação:
— Eu volto a dizer que precisamos de mais transparência.
ALERJ MANTÉM DISCUSSÃO
Até a noite de ontem, Picciani mantinha a primeira discussão do projeto para amanhã. Ao GLOBO, ele negou que os pareceres fossem provocar mudanças nas datas ou até a retirada de projetos de pauta.
— É uma costura complexa. Certamente alguns pontos não estão maduros, e outros dependem de mudança na Lei de Responsabilidade Fiscal. Imagino que o acordo se sustentará pela responsabilidade de todos os agentes (governos federal e estadual) envolvidos na sua costura.
O deputado Paulo Melo (PMDB), favorável à venda da empresa, disse que “se os bancos não querem emprestar dinheiro, a responsabilidade é do governo federal”:
— O Rio está cumprindo o cronograma. O governo federal tem que fazer a parte dele.
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