Delator da Lava-Jato diz que Cabral fez solicitação na presença do vice
Cleide carvalho e Gustavo Schmitt | O Globo
SÃO PAULO - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmou ao juiz Sérgio Moro que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), estava junto com o ex-governador Sérgio Cabral na reunião do Palácio Guanabara, onde Cabral pediu ajuda de R$ 30 milhões ao executivo para a campanha eleitoral de 2010. O depoimento foi colhido ontem, por videoconferência. Costa ressaltou que o pedido foi feito diretamente por Cabral, sem fazer qualquer outra menção ao atual governador.
Costa afirmou que o ex-governador pediu os R$ 30 milhões e indicou o então secretário Wilson Carlos para ser o interlocutor com as empresas.
— Nessa reunião no Palácio Guanabara estavam ele (Cabral), o Wilson Carlos e o vicegovernador Pezão. Ele incumbiu o Wilson Carlos de ser o interlocutor junto às empresas e assim foi feito — disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
O depoimento de Costa aconteceu um dia depois de o vice-procuradorgeral da República, José Bonifácio Borges de Andrada, pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o arquivamento da apuração relativa a Pezão, no inquérito que investiga corrupção e lavagem de dinheiro em contratos do Comperj, o complexo petroquímico do Rio. O vice-procurador pede, porém, que o STJ aceite o declínio de competência para que a investigação prossiga com o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Caso o STJ aceite a solicitação, a apuração de novos fatos caberia à força-tarefa de Curitiba.
Após o encontro, Costa contou que Wilson Carlos reservou um apartamento no Caesar Park de Ipanema para receber os representantes das empresas. Disse ter participado de três dos encontros — com pessoas das empresas Skanska, Techint e Alusa — e que, na sequência, ocorreriam outras reuniões, com empresas do ramo da construção como Andrade Gutierrez, UTC e Odebrecht, todas coordenadas por Wilson Carlos.
“HONRAR PAGAMENTO” A CABRAL
Algum tempo depois, segundo Paulo Roberto Costa, Rogério Nora de Sá, que foi presidente da Andrade Gutierrez, teria lhe procurado na Petrobras para perguntar se deveria “honrar o pagamento” a Cabral. Costa disse ter respondido apenas “sim”.
Ao responder sobre qual foi o motivo para aceitar ajudar Cabral, o ex-diretor da Petrobras afirmou:
— Ele era figura proeminente dentro do PMDB na época, e o PMDB estava me apoiando junto com o PP — afirmou o delator.
Procurado, o governador Luiz Fernando Pezão afirmou, por meio de sua assessoria, que está à disposição da Justiça, e que as ações referentes à sua participação nos citados fatos foram arquivadas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República.
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