Sindicalistas bloqueiam vias e estradas; no Rio, ônibus foram queimados
Temer lamenta ‘graves incidentes’ no Rio e reafirma compromisso com reformas
A greve geral convocada pelas centrais sindicais contra as reformas trabalhista e da Previdência teve manifestações em todos os estados e no Distrito Federal, mas os protestos afetaram principalmente os transportes, com bloqueios em estradas e vias de acesso ao centro de capitais, como a Ponte Rio-Niterói. Mascarados fizeram atos de violência e vandalismo, com depredação de bancos e lojas. No Rio, oito ônibus foram queimados e cinco pessoas ficaram feridas. O presidente Temer lamentou os bloqueios e reafirmou o compromisso com a “modernização da legislação”.
Bloqueios e confrontos
Manifestações foram marcadas por transtornos no trânsito e episódios de vandalismo
- O Globo
-SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA- A greve geral convocada pelas principais centrais sindicais em protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária teve paralisações e protestos em todos os estados do país e no Distrito Federal. As manifestações, no entanto, contaram com o engajamento de poucas categorias e foram marcadas, principalmente, por bloqueios em rodovias e vias expressas nas grandes cidades, como a Ponte Rio-Niterói e a Avenida Rubem Berta, que dá acesso ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Nas primeiras horas da manhã, trabalhadores enfrentaram grandes transtornos no trânsito e muitos não conseguiram chegar ao seu destino. Em São Paulo, ruas ficaram vazias, e lojas, fechadas. No fim da tarde, em algumas cidades, pequenos grupos promoveram atos de violência e vandalismo. Foi o caso do Rio, onde houve confrontos entre a polícia e manifestantes, no Centro da cidade.
A despeito de uma greve que se pretendia geral não ter parado o país, as centrais sindicais a classificaram como a maior já realizada no Brasil. Sem dar estimativas de participação, os dirigentes disseram que o êxito da paralisação se refletiu na “adesão e aprovação da população”.
Em nota, o presidente Michel Temer lamentou os bloqueios para “impedir o direito de ir e vir do cidadão” e reafirmou seu compromisso com a “modernização da legislação nacional”. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), disse que a greve não passou de “um piquete” — termo usado para definir um grupo de grevistas que impede o acesso das pessoas ao local de trabalho:
— Isso não é greve, é piquete. Greve é quando o trabalhador cruza os braços na fábrica. Mas hoje as pessoas estão em casa. O que está acontecendo é um grupo impondo uma restrição ao direitos de as pessoas se locomoverem.
Em São Paulo, o dia de greve começou com a paralisação completa dos serviços de transporte público — metrô, trens e ônibus não funcionaram — e terminou com uma grande manifestação que reuniu milhares de pessoas no Largo da Batata, de onde os manifestantes seguiram em passeata rumo à casa de Temer, no Alto de Pinheiros. No caminho, black
blocs depredaram agências bancárias. Na frente da casa do presidente, que estava em Brasília, o clima ficou tenso, e houve confronto entre manifestantes e policiais militares.
FÁBRICAS DO ABC PARARAM
Além dos funcionários do setor de transportes, empregados do comércio, de bancos, escolas e indústrias também não trabalharam, muitos porque não conseguiram chegar ao seu local de expediente. Os serviços de metrô e trens só voltaram a funcionar, de maneira parcial, no fim da manhã.
A maior parte das agências bancárias da região central e da Avenida Paulista permaneceram fechadas o dia todo. De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, 530 locais de trabalho, entre agências e 15 centros administrativos, não funcionaram.
Em entrevista a uma rádio no início da manhã, o prefeito de São Paulo, João Doria, chamou os grevistas de “preguiçosos”:
— Não sou grevista, que dorme, é preguiçoso e acorda tarde.
Perto do fim da tarde, grupos de manifestantes ser reuniram na avenida Paulista e também na região central, próximo da sede da Prefeitura. Por volta das 17h, a polícia militar invadiu o Sindicato dos Bancários e intimidou manifestantes. Armados, os policiais os revistaram “de forma truculenta e agressiva”, segundo o sindicato. Procurada, a PM disse não ter informação sobre a ocorrência.
Na região do ABC, as fábricas Ford, Volkswagem, Mercedes-Benz, General Motors e Scania ficaram paradas. A estimativa é de que 62 mil bancários participaram da paralisação. O Sindicato dos Professores estimava que 83% das escolas do estado ficaram fechadas durante todo o dia. Houve também manifestações dentro da área do Porto de Santos, que paralisou a movimentação de cargas por um período pela manhã.Houve paralisações e manifestações também em cidades como Campinas e São José dos Campos, importantes polos industriais do estado.
Em Brasília, algumas vias de acesso à cidade foram interditadas, pela manhã, por manifestantes. Todo o Distrito Federal ficou sem ônibus e metrô, o que prejudicou o funcionamento de outros serviços públicos, como hospitais e escolas. Logo cedo, a via de acesso ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek foi bloqueada, assim como a BR-060, que liga Brasília a Goiânia. As pistas foram liberadas poucas horas depois.
O auge dos protestos contra as reformas trabalhista e previdenciária foi na Esplanada dos Ministérios, que foi cercada por grades para evitar a depredação dos prédios públicos. Segundo os organizadores, cerca de dez mil pessoas participaram do ato.
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