Ministros do governo minimizam impacto da paralisação no País e dizem que manifestações animam a prosseguir com as reformas
Erich Decat | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer e integrantes da cúpula do governo minimizaram nesta sexta-feira os efeitos da greve geral e focaram as críticas nos atos de violência ocorridos em algumas regiões.
“Houve a mais ampla garantia ao direito de expressão, mesmo nas menores aglomerações. Infelizmente, pequenos grupos bloquearam rodovias e avenidas para impedir o direito de ir e vir do cidadão. Fatos isolados de violência também foram registrados, como os lamentáveis e graves incidentes ocorridos no Rio de Janeiro”, disse Temer, em comunicado divulgado na noite desta sexta-feira.
Ao longo do dia o Palácio do Planalto ficou isolado por grades. Um forte esquema de segurança, que contou com a participação de soldados do Exército, garantiu a proteção, enquanto cerca de 3 mil manifestantes se espalharam pela Esplanada dos Ministérios.
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que deixou a capital federal no início da tarde, considerou que as paralisações não tiveram o efeito esperado pelas centrais. “A necessidade de piquetes e bloqueios é a demonstração de que a greve não está tendo sucesso. Ninguém viu notícia de que tenha havido assembleia de sindicato aprovando que se fizesse greve. Logo, é uma greve das centrais insatisfeitas com as restrições colocadas ao imposto deles”, considerou Serraglio.
Esse discurso foi endossado pelo ministro da secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, que fez comparações com a crise econômica e política na Venezuela, onde manifestações realizadas no último mês resultaram em 27 mortos, 437 feridos e 1.289 detidos.
“A intolerância, onde se manifestou, foi relativamente localizada, o que mostra que há uma diferença grande do clima venezuelano, de grande violência física, com o que nós vivemos aqui. Aqueles que tentaram usar a violência física não conseguiram prosperar, não conseguiram impor a sua vontade”, afirmou Moreira.
Apesar de afirmar que a cúpula do governo não fez prospecções do tamanho das manifestações, o ministro considerou que o número de pessoas que foram para as ruas deixou o Planalto animado para avançar com as reformas.
“Pela expressão numérica, nos anima a continuar no esforço de tirar o Brasil da maior crise econômica da história. Nosso compromisso é continuar trabalhando para que possamos garantir os empregos que os brasileiros perderam”, declarou.
Reuniões. Além das análises a respeito da greve geral, integrantes da cúpula do Palácio do Planalto tentaram apresentar um “ar de normalidade” ao longo desta sexta-feira. Em meio aos protestos, Temer passou o dia em seu gabinete e fez reuniões com ministros da área econômica e integrantes do núcleo mais próximo.
Entre um encontro e outro, o presidente gravou vídeo que será publicado nas redes sociais no feriado de 1.º de Maio, quando se comemora o Dia do Trabalho. No pronunciamento, o presidente irá reforçar o empenho do governo na busca pela criação de emprego. O tema também foi abordado na nota divulgada pelo peemedebista no trecho em que ele ressalta que a modernização das leis continuará com debate “amplo e franco”.
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