sábado, 29 de abril de 2017

Bloqueios e manifestações nas principais vias do Rio paralisaram o trânsito

Treze ônibus do BRT Transoeste foram depredados durante a manhã

- O Globo

O carioca viveu um dia caótico ontem para ir e voltar do trabalho por causa das manifestações contra as reformas trabalhista e da Previdência. Com a redução no número de ônibus em circulação no início da manhã e o fechamento de vias importantes da cidade, o trânsito deu um nó em algumas regiões. O pico de congestionamento foi registrado às 8h31m: 73 quilômetros, de acordo com o Centro de Operações Rio (COR). Por volta de 5h30m, o COR e a Polícia Militar começaram a atuar em bloqueios na Linha Vermelha, na altura da Infraero, e na Avenida Radial Oeste, próximo à Mangueira. A Ponte Rio-Niterói teve suas pistas interditadas por uma hora e 20 minutos, entre 6h20m e 7h40m. Em Niterói, um grupo ainda bloqueou o embarque nas barcas, na Estação Praça Arariboia. Apesar dos transtornos, metrô e trens funcionaram normalmente, de acordo com as concessionárias.

CARROS PARADOS NA PONTE
No Vão Central da Ponte, cinco carros foram estacionados para interditar as pistas por volta das 6h. As faixas foram liberadas após negociações de agentes da Polícia Rodoviária Federal com os manifestantes. Letreiros da Ponte alertavam para o fato de que o fechamento gerava multa de R$ 5.869,40. Na estação das barcas, as portas de acesso ao setor de embarque foram bloqueadas no início da manhã por um grupo que impedia o acesso de funcionários e passageiros. Policiais do Batalhão de Choque (BPChq) usaram bombas de gás para dissipar a confusão. De acordo com a CCR Barcas, o movimento só foi normalizado às 10h20m.

— Independentemente de estarem certos ou errados, não é dessa maneira que se deve protestar. Lutem pela melhoria das escolas, da saúde, mas impedir um trabalhador de se movimentar é um absurdo — comentou o engenheiro de telecomunicações Aurélio Leal, de 56 anos.

Além dos protestos na Ponte e na estação das barcas, os moradores de Niterói, São Gonçalo e arredores ainda enfrentaram outro obstáculo: às 6h20m, um protesto na Avenida do Contorno gerou sete quilômetros de engarrafamento até a Ponte. O ato durou duas horas. No Aeroporto Santos Dumont, a situação foi, além de confusa, tensa. Manifestantes fecharam os acessos ao local, e passageiros tiveram de descer dos táxis e caminhar com suas malas até o embarque. No saguão, houve confusão e briga. Manifestantes e passageiros se agrediram. Policiais militares na área do aeroporto usaram spray de pimenta e balas de borracha contra manifestantes. Ao menos três pessoas ficaram feridas.

Um dos pontos mais críticos do trânsito foi na Via Expressa do Porto, na altura da Rodoviária Novo Rio, que ficou com o acesso ao Centro interrompido das 6h30m às 9h50m. Chegou a ter um princípio de enfrentamento entre homens do Batalhão de Choque e manifestantes. O bloqueio teve reflexos na Avenida Brasil, na altura do Caju.

— Foi uma guerra. Tive de ficar na rua que tem aqui atrás até a confusão acabar — disse um comerciante que não quis se identificar.

No Centro do Rio, um símbolo do legado olímpico foi atacado. Por volta de 6h, manifestantes empilharam entulhos sobre os trilhos do VLT e atearam fogo, bloqueando o caminho para o veículo.

— Dá para ver o que aconteceu pelas cinzas que ainda estão no chão — disse Mara de Moura, comerciante local, enquanto apontava para os restos queimados.

Na Avenida Radial Oeste, um grupo de 40 pessoas incendiou objetos na pista, no início da manhã, e uma faixa reversível chegou a ser aberta no sentido Zona Norte para evitar que carros que seguiam em direção ao Centro ficassem bloqueados. A situação foi normalizada às 6h05m.

PROBLEMAS NA ZONA OESTE
O trânsito também ficou confuso na Zona Oeste. A Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá foi bloqueada parcialmente nos dois sentidos, das 9h às 10h30m, na altura do Hospital Federal Cardoso Pontes. Já a Avenida Embaixador Abelardo Bueno foi interditada, na altura do Shopping Metropolitano, das 8h às 9h10m. Em Guaratiba, a Avenida Dom João VI só foi liberada depois de duas horas de protesto. Por volta de 6h40m, uma manifestação fechou a via e interrompeu o funcionamento do BRT Transoeste, na Estação Mato Alto. A concessionária que administra o serviço divulgou nota afirmando que 13 veículos foram depredados.

Na Zona Sul, a Rua Pinheiro Machado foi interditada durante protesto convocado por professores da Uerj, em frente ao Palácio Guanabara.

O trânsito na Rodovia Presidente Dutra, no sentido Rio de Janeiro, foi interrompido na altura de Queimados, na Baixada Fluminense. De acordo com a CCR Nova Dutra, um caminhão despejou pneus na pista, e um grupo de pessoas ateou fogo. O trânsito na via chegou a ser interrompido parcialmente. Agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros atuaram na região. O trânsito foi totalmente liberado ao meio-dia.

INTERDIÇÃO NA RIO-PETRÓPOLIS
Um grupo de 50 pessoas interditou a pista lateral da Rodovia Washington Luiz, no sentido Juiz de Fora, na altura da Reduc, em Caxias. Os manifestantes, ligados ao Sindicato de Trabalhadores da Refinaria (Sindipetro-Caxias), usaram barras de concreto para fechar a pista. O ato continuou, por volta das 7h40m, no sentido Rio. Na porta da Reduc também houve protesto. Nas ruas de Caxias e Nova Iguaçu, os ônibus circularam normalmente, e os trens tiveram funcionamento normal. Mas a faxineira Fernanda da Silva Conceição optou por ir de trem para Copacabana.

— Falaram que está tudo normal, mas achei melhor prevenir — disse.

Os passageiros da SuperVia reclamaram que só podiam comprar um bilhete. A empresa atribuiu o problema a falha no sistema de recarga.

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