Gustavo Uribe, Mariana Dias | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Apesar da paralisação de diversas categorias de trabalhadores, o governo do presidente Michel Temer deu caráter de "manifestações políticas" à chamada greve geral convocada para esta sexta-feira (28) em todo o país.
A ordem no Palácio do Planalto foi minimizar a adesão de vários setores e se ater aos protestos, destacando, inclusive, os atos mais violentos.
Em nota divulgada no início da noite, Temer não fez uso da palavra "greve", disse que as "manifestações políticas" ocorreram "livremente", com "fatos isolados de violência", mas que o debate sobre as reformas deve ser feito na "arena" do Congresso.
"Infelizmente, pequenos grupos bloquearam rodovias e avenidas para impedir o direito de ir e vir do cidadão, que acabou impossibilitado de chegar ao seu local de trabalho ou de transitar livremente", disse o presidente.
Durante todo o dia Temer recebeu informações sobre o andamento dos protestos e considerou que o número de pessoas nas ruas era menor do que a previsão inicial do monitoramento do governo e que estava restrito a sindicatos e a grupos ligados a partidos de esquerda.
"O Brasil funcionou normalmente. Os shoppings estavam abertos. As pessoas estavam reclamando que não conseguiam chegar aos seus trabalhos", disse à Folha o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral).
"O ponto positivo é que os setores que queriam se manifestar, se manifestaram, e os atos de truculência foram pontuais, sem criar um clima venezuelano no Brasil", completou.
Auxiliares do presidente se dividiram sobre a necessidade de o peemedebista se pronunciar publicamente sobre o assunto. Enquanto um grupo argumentava que era melhor deixar o debate longe do Planalto, outro defendia que era preciso mostrar "respeito" aos protestos, destacando que eles não revelavam um "sentimento generalizado" contra o governo.
O principal medo de Temer era de que a pressão social causada pela paralisação de diversos setores pudesse aumentar as defecções na base aliada durante a votação da reforma da Previdência na Câmara, prevista para junho e considerada impopular por diversos parlamentares.
Na tentativa de neutralizar essa discussão, o presidente defendeu em nota que a "arena adequada" para debater as reformas trabalhista e previdenciária é no "Congresso Nacional" e que ela continuará "em prol da modernização da legislação nacional".
"De forma ordeira e obstinada, o trabalhador brasileiro luta intensamente nos últimos meses para superar a maior recessão econômica que o país já enfrentou em sua história. A esse esforço se somam todas as ações do governo, que acredita na força da unidade de nosso país para vencer a crise que herdamos e trazer o Brasil de volta aos trilhos do desenvolvimento social e do crescimento econômico", afirmou.
Nesta sexta (28), o presidente gravou um vídeo para ser veiculado nas redes sociais no Dia do Trabalho.
Na gravação, Temer defendeu as propostas da reforma trabalhista e da regulamentação da terceirização e disse que elas são necessárias para a retomada do emprego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário