- Folha de S. Paulo
O termômetro escolhido pelo Palácio do Planalto para medir a lealdade de sua base aliada na Câmara dá sinais de avaria. A votação da reforma trabalhista nesta semana amealhou 296 deputados favoráveis, sendo mais que suficiente para a aprovação da proposta enviada por Michel Temer. Indica a temperatura para apreciação da reforma mais importante da gestão peemedebista, a da Previdência, que precisa de 308 votos?
A cúpula palaciana professa que sim. O resultado foi (burocraticamente) celebrado, mas não serve como exibição de força parlamentar. Para os articuladores de Temer, o placar permite mapear as defecções, e os deputados infiéis serão punidos com perda de cargos.
O que escapa à métrica governista são os casos de parlamentares que podem ter votado "sim" na reforma trabalhista, mas consideram ter esgotado a participação no ritual de sacrifícios das reformas. No ambiente de protestos e de mau humor da classe trabalhadora frente ao leite entornado sobre a CLT, não estariam dispostos a dar novo voto ao Planalto.
Ou, ainda, fala-se que deputados teriam votado "não" na alteração das regras trabalhistas para, mais adiante, dar provas de fidelidade na PEC previdenciária. Afinal, será a aprovação da reforma das aposentadorias o determinante para a continuidade da era temerista.
Um dilema Tostines. Parlamentares votarão contra a Previdência porque já foram favoráveis à reforma trabalhista? Ou porque já votaram contra a reforma trabalhista agora apoiarão as mudanças na Previdência?
Pela autopreservação, muitos não querem comprar as duas brigas. O governo ouviu que hoje só tem 150 votos fidelizados. Outros 150 estão fincados no campo da oposição. Entre os extremos, a contagem da adesão à PEC das pensões se dá em terreno movediço e temperatura instável.
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