Principais partidos do país têm táticas opostas para as eleições de 2018
Catarina Alencastro e Maria Lima | O Globo
BRASÍLIA - Partidos que disputaram o segundo turno nas últimas cinco eleições presidenciais, o PSDB e o PT apostam em táticas radicalmente diferentes para tentar o sucesso nas urnas em 2018. Enquanto os tucanos já lançaram uma busca por "novos Dórias" por todo o país, os petistas insistem na figura de seu líder máximo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é réu em cinco casos na Lava-Jato e pode ser barrado pela Justiça.
Em vez de lançar neófitos na política, na tentativa de atrair eleitores indignados com a Lava-Jato, o PT não abrirá mão de manter o mesmo modus operandi de sempre. Tanto nos estados como nas eleições presidenciais, os candidatos do partido serão nomes previsíveis.
— O PT não vai buscar nomes de fora — resume o presidente do partido, Rui Falcão.
A sigla tem hoje cinco governadores, dos quais quatro podem se reeleger. E tentarão. No campo nacional, os petistas repetem como mantra que Lula é a única alternativa que se discute.
— Para as eleições presidenciais não tem plano B, só tem plano A. A candidatura de Lula não é um desejo só do PT. É traduzido em pesquisas e nos locais onde vamos. Agora, se for necessário, teremos condições de tomar decisões a partir da ocorrência da impossibilidade de Lula não concorrer. Mas o que tem que ser colocado é: o país assistiria com tranquilidade a uma interdição de Lula? Acredito que em nome da estabilidade política vai haver uma avaliação de custo-benefício — avalia Rui Falcão, que trata a possibilidade de prisão do ex-presidente como algo natural, embora em momento nenhum verbalize essa hipótese.
O ex-ministro da Casa Civil de Dilma e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, chegou a comparar Lula ao líder anti-apartheid da África do Sul, Nelson Mandela, que saiu da cadeia e se tornou presidente daquele país.
— Aqui, a gente tem um cara que saiu da pobreza, virou presidente e querem interditar sua volta. Mandela saiu da cadeia e virou presidente - lembrou Wagner.
No PSDB, o nome do próprio Dória está cada vez mais forte como candidato presidencial no ano que vem, depois que os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) e o governador Geraldo Alckmin (SP) foram alvos na Lava-Jato. Empresário e longe desse escândalo, o prefeito de São Paulo já aparece bem em pesquisas.
Para as disputas nos estados e nas vagas para o Senado, a busca é por nomes novos, ainda que dentro da política. A pouco mais de um ano das eleições de 2018, já começa a despontar o “Dória do Rio Grande do Sul”, o “Dória do Ceará”, de Pernambuco e por aí vai. São jovens prefeitos que tiveram resultado surpreendente na última eleição, sendo ou não eleitos.
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