Em meio à torrente de escândalos suprapartidários de corrupção, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevive à ruína dos políticos tradicionais que ainda aspiram ao Palácio do Planalto.
O petista lidera, com larga vantagem, as intenções de voto para 2018 nos principais cenários de primeiro turno investigados pelo Datafolha. A pesquisa, no entanto, também sugere que ele teria dificuldades de bater em um segundo escrutínio um adversário que tenha escapado da devastação de reputações da elite dirigente.
Os tradicionais contendores tucanos definharam de meados de 2016 para cá. Aécio Neves caiu de 14% para 8% das preferências. Geraldo Alckmin marca 6%.
O prefeito de São Paulo, João Dória, ainda um balão de ensaio, embora deveras inflado, faz melhor figura que seus confrades veteranos, com algo entre 9% e 11%.
Os adversários mais próximos de Lula estão, cada um a seu modo, à margem das investigações da Lava Jato. A depender do cenário, Marina Silva (Rede) ou Jair Bolsonaro (PSC) ocupam o segundo lugar, com cerca de 15% dos votos.
A primeira ampara-se em sua estratégia de afastar sua imagem das práticas políticas cotidianas; o segundo explora o campo aberto a novidades mais radicais à direita -e deve parte de seus índices ao fato de estar há bom tempo em campanha, tal como Lula.
É provável que o ex-presidente beneficie-se da memória de bons anos de crescimento e distribuição de renda durante seu governo. Entre os mais pobres e menos escolarizados, seu nome é preferido por 40%; no Nordeste, são 50%.
No primeiro turno, Lula perde entre os mais abonados, que preferem Bolsonaro. No segundo, aparece em empate técnico com Marina e com o juiz Sergio Moro.
Tais simulações dizem menos sobre a disputa pela Presidência e mais sobre as aspirações de quase metade do eleitorado -procura-se uma alternativa.
Ao lado de Aécio, Lula é o segundo candidato mais rejeitado: 45% dos eleitores nele não votariam de modo algum. Apenas o presidente Michel Temer (PMDB), com 64%, é alvo de repúdio maior.
Desvaneceu-se a já reduzida expectativa que havia em torno de seu governo -tido como ruim ou péssimo por 61% dos entrevistados, contra 31% em julho passado. Seu descrédito iguala-se ao da antecessora, Dilma Rousseff (PT), às vésperas do impeachment.
Os brasileiros mostram-se fartos das crises e seus protagonistas contumazes. Cenários eleitorais, sempre voláteis, tornam-se ainda mais incertos quando parte expressiva do eleitorado parece à espera da revelação do novo.
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