Com Lava-Jato espalhada por partidos, petistas apostam no ex-presidente
Catarina Alencastro | O Globo
BRASÍLIA - Embora ainda seja cedo para comemorar, o PT se vê hoje num momento melhor do que aquele em que estava no fim do ano passado, após ter sido retirado da Presidência da República e esmagado pelas urnas nas eleições municipais. Os motivos são dois: o fato de a Lava-Jato ter se esparramado por quase todos os partidos, retirando da sigla o carimbo do monopólio da corrupção, e as bandeiras de reformas impopulares levantadas pelo atual governo.
A partir desse cenário, o PT tenta agora sair das cordas, e o ex-presidente Lula aproveita para se apropriar do vácuo de apoio popular que o presidente Michel Temer enfrenta. É por esse espaço que pretende pavimentar o caminho para uma nova candidatura à Presidência em 2018.
Na “inauguração popular” da transposição do Rio São Francisco feita por Lula na mesma cidade do interior paraibano em que Temer fez evento oficial, o petista conseguiu reunir milhares de pessoas e marcou a largada de um extenso roteiro que pretende cumprir. Este mês, o ex-presidente fará um ato pela soberania nacional em Ouro Preto (MG), e outros três estão sendo programados para abril.
— A maior onda contra o Lula já passou, mas a onda contra os outros está só começando. Lula está com muito prestígio com o povo. O governo dele deixou saudade. Este governo que está aí encampa todas as maldades que a elite brasileira queria fazer. O povo olha e fala: não dá — diz o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).
Lula ainda não se lançou abertamente candidato à Presidência, mas tem se movimentado e falado como précandidato. A interlocutores, tem dito que só não será candidato se for condenado em um dos cinco processos dos quais é réu. Sua candidatura, no entanto, é consenso no partido e deve ser afirmada internamente em junho, durante o congresso do PT.
— Estamos tentando tornar essa condenação inviável. Pela linha jurídica, com os advogados, e tornando-o o mais popular possível, para que o custo de condená-lo seja muito alto — conta um amigo do expresidente Lula.
ELEIÇÕES DENTRO DO PT
Além da corrida de obstáculos contra as condenações de seu maior expoente, o PT ainda terá de resolver disputas dentro da própria legenda, que se prepara para renovar sua estrutura de comando. As eleições internas no partido começam este mês e serão concluídas no congresso nacional do partido, marcado para junho.
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