Governador diz que apoio do PSDB é às reformas e ao crescimento do país
Ana Paula Ribeiro | O Globo
SÃO PAULO - Em meio às discussões no PSDB sobre qual será o posicionamento do partido em relação ao presidente Michel Temer, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem, ao comentar a situação do país, que os tucanos não têm compromisso com o governo, mas com as reformas necessárias para o crescimento do país. Alckmin já havia lançado publicamente o nome do senador Tasso Jereissati e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como nomes para uma eventual sucessão indireta de Temer.
— Não temos compromisso com o governo. Temos compromisso com o Brasil, com as reformas e com o crescimento do país — disse ele.
Nos últimos dias, a cúpula do PSDB vem estudando se vai continuar ou não a apoiar o governo de Michel Temer, decisão que só será tomada a partir do resultado do julgamento sobre o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a partir de 6 de junho. O governo vem perdendo apoio de sua base aliada desde que o presidente foi flagrado numa conversa com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, que assumiu já ter pago propina a cerca de 1.800 políticos.
— Nós temos que ajudar o Brasil. Os estados e municípios não vão bem se o país não for bem. As políticas econômicas, fiscais e monetárias são federais. Todo mundo apoia as reformas, mas poucos querem ajudar. Liderança tem seus ônus e bônus. Temos que ter responsabilidade para com o povo — frisou o governador.
Alckmin defendeu que a decisão de sair ou não do governo federal é do partido, que vai aguardar a decisão do TSE sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, pedida pelo próprio PSDB.
O governador de São Paulo afirmou que não há, neste momento, um acordo interpartidário que pudesse reunir lideranças de diferentes legendas em torno da defesa das reformas em uma eleição indireta para a presidência.
— Isso não está na agenda porque o presidente ainda está trabalhando. Não tem uma decisão do TSE — afirmou.
Alckmin reafirmou uma vez mais ser favorável a prévias no partido para a escolha do candidato tucano ao governo paulista em 2018.
— Sempre que tem mais de um candidato, você erra menos na escolha. Você legitima mais aquele que é escolhido — afirmou.
No mesmo evento — um seminário sobre gestão pública promovido pela prefeitura de São Paulo —, o prefeito João Doria disse que, diante das circunstâncias atuais, é preciso evitar “afoiteza”.
— Agora mais do que nunca precisamos ter bom senso. Ter foco, sem afoiteza. O que o país mais precisa nesse momento é equilíbrio e administrar com bom senso. Isso não falta a Alckmin, ao Fernando Henrique Cardoso e ao Tasso Jereissati — afirmou o prefeito, vestido com uma camisa do programa Cidade Linda, a uma plateia de secretários das prefeituras de São Paulo, do estado e gestores de outros municípios.
‘RELAÇÃO INDIVISÍVEL’
Indagado sobre eventuais rusgas com Alckmin por conta de um possível movimento dentro do PSDB em torno de uma eventual candidatura sua a presidente, o prefeito foi direto.
— A minha relação com Alckmin é indivisível e já dura quase 38 anos. Não tem hipótese de nos dividirmos, nos afastarmos. É uma relação que não está amparada nas circunstâncias políticas, mas em uma longa amizade — afirmou.
Segundo Doria, esse é o momento de “proteger o Brasil” e, como prefeito, o melhor a se fazer é trabalhar.
Também no evento, Alckmin afirmou que vai pedir ao Confaz (conselho que reúne os secretários estaduais da Fazenda) o parcelamento dos débitos do ICMS no estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário